Edição Especial de Natal 🎄(redigida com auxílio de IA e revisada pela equipe de redação da RED)
Onde o presépio tem chip, o Papai Noel é investigado pela PF e o espírito natalino é tributado como bebida láctea de alta viscosidade.
🎁 EDITORIAL | O Natal Segundo a Nova Ordem (Nada) Mundial
Enquanto metade do planeta troca presentes, a outra metade troca teorias conspiratórias em grupos de WhatsApp. No Brasil, o Natal chegou acompanhado de chip, Bíblia, cofre, sandália no lixo e sorvete que juridicamente decidiu virar iogurte. É o espírito natalino versão PL: você acredita ou está contra a família.
📿 O DEPUTADO, O CHIP E A BÍBLIA COM WI-FI
José Olímpio voltou à Câmara no lugar de Eduardo Bolsonaro, que perdeu o mandato por excesso de ausência — ausência física, ausência moral e, aparentemente, ausência de endereço fixo no Brasil.
Olímpio não decepciona. Entre suas contribuições ao debate nacional está um projeto para proibir implantes de chips em humanos, pois, segundo ele, isso facilitaria a implantação da “satânica Nova Ordem Mundial”. Tudo muito bem fundamentado: Bíblia aberta, Apocalipse sublinhado e PowerPoint espiritual.
O argumento central?
👉 Chips seriam o “sinal da besta”.
👉 O fim dos tempos está próximo.
👉 O problema do Brasil não é fome, desigualdade ou violência. É o Bluetooth do anticristo.
Além disso, o parlamentar também já propôs:
- Transferir simbolicamente a capital do Brasil para Itu, porque nada grita “República moderna” como uma viagem no tempo até 1889.
- Defender valores cristãos com a mesma serenidade de alguém que vê demônio em código de barras.
Detalhe natalino: Olímpio é da Igreja Mundial do Poder de Deus, liderada por Valdemiro Santiago, o que explica bastante coisa sem precisar de nota de rodapé.
👟 HAVAIANAS, FERNANDA TORRES E O SURTO COLETIVO DE FIM DE ANO
Havaianas lançou campanha com Fernanda Torres desejando que o Brasil entre em 2026 não com o pé direito, mas com os dois pés e convicção.
Resultado:
- Bolsonaristas surtaram.
- Teve boicote.
- Teve vídeo de gente jogando sandália no lixo.
- Teve loja vendendo Havaianas a R$ 1 o par (estoque acabou em 1 hora).
- Teve queda das ações da Alpargatas.
- Teve alta histórica no dia seguinte, recuperando tudo e mais um pouco.
E quando parecia que não dava pra piorar (ou melhorar):
As sandálias Ipanema, concorrentes diretas, responderam com comercial estrelado por Anitta cantando: “Sou livre da cabeça aos pés.”
Resumo do Natal bolsonarista:
🎄 Sem sandália
🎄 Sem ação na bolsa
🎄 Sem espírito natalino
🎄 Mas com muito recalque e dedo em riste
🍦 CASQUINHA NÃO É SORVETE. É UM ESTADO DE ESPÍRITO
Conselho Administrativo de Recursos Fiscais (CADE) decidiu que as casquinhas, sundaes e milk-shakes do McDonald’s não são sorvetes, mas sim “bebidas lácteas de alta viscosidade”.
Sim.
Parece sorvete.
Tem gosto de sorvete.
Derrete como sorvete.
Mas, juridicamente, é um líquido introspectivo e viscoso.
Com isso, a empresa escapou de R$ 324 milhões em impostos.
A Receita disse: “Isso é tecnicismo demais.”
O McDonald’s respondeu: “Não é sorvete. É filosofia tributária gelada.”
Moral da história: no Brasil, tudo depende da temperatura e da vontade do tribunal.
🔐 BOLSONARO, OS COFRES E O NATAL ARMADO
Jair Bolsonaro guardava armas em cofres no Palácio da Alvorada, segundo investigação revelada pelo SBT News.
Entre os itens:
- Fuzis
- Pistolas
- Documentos pessoais
- E provavelmente o espírito democrático (esse ainda não foi encontrado)
Os cofres teriam sido instalados após Bolsonaro receber armas como presente de chefes de Estado, incluindo um fuzil dos Emirados Árabes Unidos. Porque nada simboliza diplomacia como um presente que exige cofre.
O ex-presidente será interrogado por determinação do ministro Alexandre de Moraes.
Pergunta que não quer calar:
👉 Era para se defender da posse de Lula?
👉 Dos filhos 01, 02, 03 e 04?
👉 Ou da própria biografia?
⚖️ STF, RACISMO E O MARCO TEMPORAL: O BRASIL ENCARA O ESPELHO
Supremo Tribunal Federal reconheceu o racismo estrutural e derrubou a tese do marco temporal indígena, enfrentando duas feridas históricas do país.
Vitória histórica? Sim.
Resolução completa? Ainda não.
Movimentos indígenas e negros celebraram, mas alertaram:
- Direitos reconhecidos sem transformação prática viram discurso bonito.
- Reparação adiada continua sendo injustiça.
Resumo jurídico do Natal:
🎄 O STF avançou
🎄 O Congresso atrapalhou
🎄 A democracia respirou, mas ainda está na UTI
📞 TELEFONEMA, MAGNITSKY E O SURTO COLETIVO DA BOLSONARADA
Uma nova novela jurídico-midiática animou o recesso espiritual da extrema-direita. Denúncias falaram em contatos telefônicos e presenciais entre Alexandre de Moraes e Gabriel Galípolo, nos quais o ministro teria tentado intervir em favor do Banco Master.
A história incendiou o zap bolsonarista. Mas veio o balde de água fria: Moraes e Galípolo negaram qualquer interferência e disseram que os contatos trataram apenas do enquadramento do ministro na Lei Magnitsky — tema internacional e pouco excitante para conspiradores domésticos.
A paz durou pouco.
A jornalista reafirmou sua versão. Disse que não confundiu nada, ninguém e nem trocou Banco Central por banco de padaria.
Pronto. Bastou isso.
A bolsonarada entrou em êxtase cívico.
Timeline em festa.
Canais conspiratórios em estado de graça.
Influencers jurídicos de ocasião explicando o STF com a segurança de quem aprendeu direito constitucional em comentários do YouTube.
Nada mobiliza mais o bolsonarismo do que qualquer chance de atingir Alexandre de Moraes — não importa se a história fecha, se há prova ou se amanhã será desmentida de novo. O importante é o momento. A narrativa. O frame. A sensação passageira de que “agora vai”.
Resumo da ópera:
- Moraes diz que não foi
- Galípolo diz que não foi
- A jornalista diz que foi
- O Banco Master diz “não me envolvam”
- E os bolsonaristas comemoram como se fosse final de Copa
Mais um capítulo do Brasil onde a prova é opcional, a convicção é absoluta e o delírio sempre chega antes da apuração. Moro fez escola na Globo e nos principais veículos da imprensa corporativa.
☎️ SE TEVE OU NÃO TEVE TELEFONEMA O STF PODIA APROVEITAR E CRIAR O MANUAL DO MINISTRO EDUCADO
Independentemente de o telefonema ter existido, não ter existido, ter sido um “oi sumido”, uma ligação perdida, um áudio de 12 segundos ou uma conversa espiritual mediada por anjos do compliance, uma coisa é inegável: não custa absolutamente nada o STF instituir um Código de Conduta para seus ministros. Pelo contrário. Custa pouco e economiza muito antiácido institucional.
A ideia, registre-se, não nasceu num grupo de zap com a foto de perfil do Che Guevara invertida. Partiu do próprio presidente do Supremo Tribunal Federal. Quando o comandante da nave sugere colocar cinto de segurança, talvez seja porque ele percebeu que a nave anda passando muito perto do delírio público.
Se contatos institucionais existem (e eles existem), que sejam claros, registrados, transparentes e impessoais. Se não existem, melhor ainda: o código ajuda a provar que não existem. Em ambos os casos, ganha a democracia — e perde só quem vive do caos.
No fim das contas, é simples:
- Ministros não são influencers
- Conversas não são fofocas
- E instituições não podem funcionar na base do “confia em mim”
A metáfora da mulher de César segue atual: além de honestos, ministros precisam parecer honestos em 4K, porque a opinião pública não trabalha mais com benefício da dúvida. Trabalha com print.
Não é ceder à gritaria bolsonarista. É reduzir a área cinzenta onde teorias conspiratórias se reproduzem felizes.
Se os telefonemas foram sobre a Lei Magnitsky, ótimo.
Se não foram, melhor.
Se nunca existiram, perfeito.
Nada revolucionário. Só o básico da convivência republicana.
Em todos os cenários, um Código de Conduta funciona como aquele aviso nas estradas: “em caso de dúvida, não ultrapasse”. Não resolve o bolsonarismo, não cura o fetiche por teorias conspiratórias, não impede orgasmos cívicos em timelines alheias — mas reduz o material disponível para eles.
Porque, convenhamos, o STF já tem trabalho demais decidindo o futuro da democracia para também ter que explicar, toda semana, com quem falou, por quanto tempo e se foi por WhatsApp ou telefone fixo.
No Brasil atual, justiça não basta ser feita.
Ela precisa ser vista, filmada, auditada e — de preferência — não render meme.
🍲 PORTO ALEGRE: QUANDO AJUDAR DÁ MULTA
A Câmara de Porto Alegre, sob comando da vereadora Comandante Nádia, decidiu que dar comida a quem tem fome pode render multa de até R$ 2,9 mil.
Justificativa:
- Ordem urbana
- Controle sanitário
- Organização do espaço público
Tradução simultânea:
👉 Não resolvemos a pobreza, mas vamos punir quem tenta amenizá-la.
Especialistas chamam de criminalização da solidariedade.
A cidade que já foi símbolo de participação popular agora testa o modelo: menos cuidado, mais porrete.
🎖️ A LÓGICA DO PORRETE
A militarização da Câmara transforma debate em disciplina, dissenso em ameaça e política em quartel-general. Onde antes havia diálogo, agora há gás lacrimogêneo. Onde havia plenário, agora há contenção.
Democracia não funciona em posição de sentido.
🎄 FECHAMENTO | FELIZ NATAL, MAS SEM CHIP E DE PREFERÊNCIA SEM TELEFONEMA
Neste Natal, o Brasil provou que:
Chip é do capeta
Sorvete é bebida
Sandália vira símbolo político
Solidariedade pode virar infração
Telefonema vira crise institucional mesmo quando ninguém confirma
E a extrema-direita segue sendo a maior produtora nacional de surrealismo
Entre um áudio imaginário, uma ligação negada e uma teoria conspiratória reciclada, aprendemos também que, no Brasil, não importa tanto o que foi dito — importa quem teria ligado, para quem, e quantos prints isso pode render.
Boas festas.
E cuidado: além do presépio possivelmente monitorado, o telefone também pode estar tocando.
Ilustração da capa: Imagem gerada por IA ChatGPT




