Durante evento em comemoração ao Dia dos Professores no Rio de Janeiro, realizado nesta quarta-feira (15), o presidente da Câmara dos Deputados, Hugo Motta (Republicanos-PB), o prefeito Eduardo Paes (PSD-RJ) e o secretário municipal de Educação Renan Ferreirinha (PSD) foram alvo de vaias e protestos por parte de professores presentes. O público entoou o grito “sem anistia” justamente no momento em que Motta iniciava seu discurso — em referência ao projeto de anistia aos condenados pelos atos golpistas do dia 8 de janeiro, que tramita na Câmara.
Lula tenta amparar Motta
Presente à cerimônia, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) acabou se levantando e posicionando-se ao lado de Motta, gesto interpretado como tentativa de minimizar o impacto da hostilidade do público e prestar solidariedade ao presidente da Casa.
Motta, em seu discurso, fez elogios a Lula e tratou da agenda educacional:
“Neste Dia Nacional do Professor, é uma honra estar aqui ao lado do senhor, sem dúvida alguma, o presidente que mais fez pela educação do Brasil…”
A reação do público foi motivada pela atuação política de Motta nos últimos meses, associado à articulação de pautas vistas como favoráveis à anistia dos que participaram dos atos golpistas. Embora ele evite manifestar apoio explícito à proposta, sua condução política — como a inclusão do tema de urgência na pauta da Câmara — tem sido interpretada como um gesto de proximidade com a proposta.
Vaias também a Paes e Ferreirinha
O prefeito Eduardo Paes e o secretário Renan Ferreirinha também foram vaiados ao falar. Paes tentou acalmar os ânimos anunciando reajuste anual e a adoção de “acordo de resultados” para a categoria. Ao deixar o evento, o prefeito afirmou que “não ouviu as vaias”, mas destacou que “não serão a primeira nem a última”.
Ferreirinha qualificou o protesto como promovido por “um grupo pequeno, ligado a movimentos sindicais e partidos”, e afirmou que foi episódio isolado diante das mais de 4 mil pessoas presentes ao evento.
Os protestos ocorrem em um momento de tensão entre a categoria docente e o governo municipal, justamente por conta do Projeto de Lei Complementar 186/2024 — apelidado por professores de “pacote de maldades”. O prefeito defende que os ajustes propostos não sacrificam direitos da categoria.
Lançamento da Carteira Nacional Docente
Durante a cerimônia, foi anunciada a criação da Carteira Nacional Docente (CNDB) — documento que oferecerá descontos e benefícios para professores de redes públicas e privadas. A CNDB terá validade de 10 anos e poderá ser solicitada a partir desta quinta-feira (16) por meio da plataforma Mais Professores, utilizando a conta gov.br.
O evento reuniu, entre outras autoridades, Lula e o ministro da Educação, Camilo Santana, que acompanharam o anúncio da nova ferramenta para valorização docente.
Imagem destacada: Tomaz Silva/Agência Brasil




