Guerra ao narcotráfico: não é no morro, é nos portos — a rota invisível do crime organizado brasileiro

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Ilustração gerada por IA ChatGPT representando o controle do tráfico internacional de cocaína via portos brasileiros, com integrantes armados identificados como membros do PCC e do Comando Vermelho em um cenário de carregamento marítimo.

Da REDAÇÃO

As operações policiais de grande impacto nas favelas do Rio de Janeiro podem gerar imagens midiáticas de força do Estado, mas, como mostra o jornalista Rodrigo da Silva em artigo publicado no Estadão (04/11/2025), a raiz do narcotráfico no Brasil está longe dos becos e vielas. Ela está nos portos — e no controle marítimo das rotas internacionais de cocaína.

Segundo o artigo, PCC e Comando Vermelho funcionam hoje como multinacionais do crime, com cerca de 80 mil integrantes. O PCC atua em pelo menos 28 países, controlando o escoamento da droga da Bolívia, do Peru e da Colômbia até a Europa, onde um quilo de cocaína comprado por pouco mais de mil dólares no mercado produtor sul-americano pode chegar a valer 35 mil euros.

Os portos de Santos, Paranaguá, Itajaí e Vila do Conde (PA) são as principais portas de saída. O método mais usado é o rip-on/rip-off, que consiste em inserir cocaína em contêineres de cargas legais — carne, soja, minério — com a ajuda de funcionários corrompidos. Apenas 2% dos 900 milhões de contêineres movimentados anualmente no mundo passam por inspeção.

Essas facções também operam rotas indiretas por entrepostos como Tânger-Med, no Marrocos, e portos secundários da Europa, aproveitando brechas na fiscalização. Nas duas pontas da rota, há redes de corrupção portuária e empresarial envolvendo despachantes, advogados, contadores e operadores financeiros.

Rodrigo da Silva revela que o PCC movimenta cerca de US$ 1 bilhão por ano, enquanto o Comando Vermelho já chegou a R$ 6 bilhões anuais, com forte atuação em lavagem de dinheiro via fintechs, empresas de fachada e investimentos imobiliários.

O jornalista defende que o combate ao crime organizado precisa ir além das operações armadas nas favelas. É preciso seguir o dinheiro, rastrear as conexões financeiras e punir quem usa crachás e cargos públicos para enriquecer com o tráfico. O desafio central, afirma, é tratar o narcotráfico como o que ele é: um negócio global que se aproveita das falhas institucionais e da corrupção sistêmica.


Fonte: Rodrigo da Silva, “Depois do bang bang no morro, é hora de travar a guerra contra o crime onde de fato importa: no mar”, publicado no Estadão, em 04/11/2025.

A publicação original pode ser acessada aqui: Depois do bang bang no morro, é hora de travar a guerra contra o crime onde de fato importa: no mar

Ilustração da capa: Ilustração gerada por IA ChatGPT representando o controle do tráfico internacional de cocaína via portos brasileiros, com integrantes armados identificados como membros do PCC e do Comando Vermelho em um cenário de carregamento marítimo.

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