Por JORGE ALBERTO BENITZ*
A Roberto Schwarz
O Temer lembra o traço genial de Péricles
E seu personagem amigo da onça
E não é só física a semelhança
O Temer
No governar e poetar
No ar draculesco e porte empertigado
Evoca pantufas, janotas de fraque
E todo um mundo parnasiano
Conhecido do leitor Machadiano
A vida faceira e livre de trabalho
Da elite carioca de então
Em tudo igual ao rentista de hoje
A imagem passadista da Casa Grande
A criadagem se preparando para servir
A sineta tocada pelo sinhozinho
Chamando os comensais
Ele evoca ideias fora de lugar
Barões paulistas bigodudos sendo fotografados
Sentados em sacas de café
Em pose tradicional
Cheiro de república velha no ar
Para completar
Só falta ele pregar
A volta do uso
Outrora tido como
Distinto, elegante
Do rapé
Tudo repaginado, claro
O que volta é o espirito de época
Hoje não tem sineta nem rapé
Tem um pózinho branco
Muito a gosto do andar de cima cheirador
Tem a empregada vestida a rigor
Que não pode usar o mesmo elevador
Y otras cositas más
Demarcando a distinção
Entre servo e patrão
*Jorge Alberto Benitz poeta de Internet.
Foto de capa: © Marcello Casal jr/Agência Brasil




