Por ANGELO CAVALCANTE*
A esse fenômeno descrito por globalização pelos americanos, os franceses irão descrever como mundialização .
Com essa ideia, os francos, sempre em oposição aos yankees , induzem, sugerem o conceito para algum tipo, quem sabe alguma forma de governança . Os norte-americanos, de outro modo, nunca e jamais atuaram dessa forma.
Operam mesmo é no liberalismo mais aberto, escancarado e na velha doxa do laissez faire; sintéticos e objetivos, resolveram com facilidade seu padrão de globalização e que não tem nada que ver com ” integração dos povos, das gentes, das culturas ” e blá-blá-blá… Nada disso!
Globalização, para nossos irmãos do norte, é um mundo sem fronteiras para transações econômicas e… Só!
Nesses termos, é a mais fantástica e inimaginável integração dos mercados financeiros e qualquer outro conceito fora dessa perspectiva é romantismo acadêmico e absolutamente descolado do mundo concreto.
Aliás, nunca a humanidade fora tão apartada, seccionada, separada por muros, guarnições, forças militares ou legislações duras e anti-povo, anti-imigração como o que estamos vivendo nesse período.
Por algum acaso nos esquecemos de um imenso muro de metal e que separa a “terra da liberdade” dos Estados Unidos do México? Nós nos esquecemos do “paredão” europeu a impedir pessoas advindas de ex-colônias africanas? Resultado dessa repetida e reiterada tragédia são centenas e centenas de barcaças vagando, flutuando em alto mar e sem porto que as receba; como consequência dessa ignomínia, pais desesperados se lançam nas águas geladas dos mares europeus onde frequentemente, morrem com suas famílias.
A insuperável imagem de corpos infantis, sem vida e amanhecidos nas praias e balneários de Espanha, Inglaterra ou França… Esquecemos?
O que dizer da icônica e sempre atual tragédia de Gaza? Gaza importa?
Ora, Gaza é uma distopia, um não-lugar, uma infâmia territorial ou sub-territorial!
Estamos a tratar do maior presídio a céu aberto da história humana onde milhões de palestinos usam uma aspirina, um esparadrapo ou um band-aid se e, somente se, o governo dos sionistas de Israel assim permitir.
Estamos assistindo milhares de mulheres, velhos e crianças morrendo de fome, justamente porque só Israel tem acesso às “chaves” dessa prisão; nenhum outro país ou autoridade global e multilateral acessa essa dramática realidade e essa é a estratégia militar de Israel, esse é o “segredo” da ação dos genocidas israelenses.
Reparem…
…Se eu, você ou qualquer cidadão brasileiro quiser doar sapatos velhos, lençóis ou brinquedos para a população de Gaza isso não se realiza, não acontece porque essas doações não tem a menor – a MENOR – chance de adentrar nos já miúdos e simbólicos territórios palestinos.
Israel não deixa, não permite ou aceita!
Ora… E tudo isso na cara, nas fuças e nos beiços de uma humanidade orientada, deslumbrada e acionada por certa “era do conhecimento”.
Puro mito! Ideologia rasgada, cínica e muito perigosa!
A globalização “by Wall Street” é uma historicidade própria e original; é um tempo histórico restrito, fechado, isolado e que, por óbvio, nos isola.
Vivemos um período que é pior, bem pior do que as amarras, restrições e temores disso que tratamos por tempo medieval.
Aliás, desde sempre, fomos ensinados a detestar e repudiar todo o tempo medieval porque a igreja católica impunha sua crueza dogmática, pessoas eram mortas, queimadas em praça pública e isso e aquilo… Ora… Comparado com o largo e desatado extermínio contemporâneo e que devasta a vida humana por todo o globo e das mais distintas formas, isso, o medievo, é “fichinha”.
Em Gaza, repara… crianças com pratos, cumbucas ou panelas rotas em mãos e que só buscam uma porção de arroz ou macarrão, são fuziladas – FUZILADAS – e diante de câmeras de TV.
O genocídio perdeu cerimônia, formalismo e modéstia; diz seu nome, conta de sua intimidade, de suas intenções e depois de explodir maternidades com bebês recém-nascidos, quer tomar o chá das cinco com cada um de nós.
É o que estamos vivendo!
Gaza, por fim, nos ensina muito: o planeta carece de ajuda humanitária!
Essa é a globalização que temos que engolir! Um misto caótico e indecifrável de infotecnologias com o resgate e a restauração de barbarismos que remontam a fase mais cruenta do colonialismo europeu por essas bandas da latinidade até ao clímax fatal e aterrador da Guerra Fria e que nos ameaçava diuturnamente com o extermínio pleno por meio de artefatos nucleares.
Até me recordei daquela deliciosa canção do maravilhoso Raul Seixas que diz: “para o mundo que eu quero descer!”.
Bom…
Sem tristeza, desalento ou depressão, somos parte de uma marcha e que não pode cessar; me inspiro e cito o professor Celso Furtado e que nos ensina que “não há humanidade; a humanidade é um projeto e que temos que construir”.
Adiante!
*Angelo Cavalcante é economista, professor da Universidade Estadual de Goiás (UEG), Itumbiara.





Respostas de 2
Parabens professor adorei o texto, estamos diante de saídas e oportunidades de reconstruir as rotas.
A palavra que resume tudo ” é Ahinsa que vem do Sânscrito ” uma palavra de um altíssimo significado que significa
” Não Violência ” .
A PaZ no mundo não ausência de GuerraS é o significado da Palavra Ahinsa ; ” A não ViolênciA “.
Em especial a ” ViolênciA do PreconceitO ” da qual ” eu já fui vítima “