O diretório municipal do PL em Rio Claro, interior de São Paulo, expulsou a filiada Amanda da Silva Servidoni nesta segunda-feira, 3. A motivação? Denúncias e gravações de áudios que apontam para um esquema de cobrança de “cashback” – ou devolução de parte de emendas parlamentares – em nome de liberação de recursos públicos para municípios da região.
O que se sabe até agora
Nos áudios, Amanda — que se apresentava como “assessora regional” da deputada estadual licenciada Valéria Bolsonaro (PL) – é flagrada negociando valores:
“Ele vai gastar 100 k com a pista, entendeu? E nós estamos dando 300. Desses 300 eu quero pelo menos uns 100. Não quero 10%, filho.”
O diretório municipal do PL comunicou ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE) a expulsão de Amanda, assinada pela presidente local, Edymeia Bueno Garcia, apoiada no estatuto partidário que prevê sanções a filiados quando suas atitudes lesam a imagem da legenda.
Amanda havia se filiado ao PL há poucos meses (em junho de 2025), em cerimônia que contou com a presença de Valdemar Costa Neto (presidente nacional do partido) e Valéria Bolsonaro. A ligação entre Amanda e Valéria Bolsonaro parece mais de simbiótica conexão política do que relação institucional formal: Amanda presidia projeto social “Mulheres pela Fé”, que tinha Valéria como madrinha, e a mesma deputada havia inaugurado um escritório político que funcionava no mesmo imóvel do projeto de Amanda em Rio Claro.
O PL, que se apresenta como polo da moralização e de combate à corrupção, vê-se agora acuado a tomar atitudes para preservar sua “marca”, ao mesmo tempo em que o episódio expõe fragilidades no controle interno dos filiados.
Defesa, investigações e reações
Amanda admitiu ser autora das gravações, mas afirmou que tratava “de projetos” e negou que estivessem relacionados a emendas parlamentares propriamente ditas.
A deputada Valéria Bolsonaro, por sua vez, negou envolvimento direto no caso e afirmou ter acionado o Ministério Público sobre a situação.
Na Assembleia Legislativa de São Paulo (ALESP), a deputada petista Beth Sahão protocolou requerimento para que Valéria e Amanda prestem esclarecimentos perante a Comissão de Defesa dos Direitos da Mulher.
Quem é Amanda da Silva Servidoni?
- Ex-servidora municipal de Rio Claro (SP), atuou como chefe de gabinete do vice-prefeito e em cargos na Secretaria de Saúde.
- Presidente do projeto social “Mulheres pela Fé”, “apadrinhado” por Valéria Bolsonaro.
- Filiação ao PL em junho de 2025, ao lado da secretária estadual Valéria Bolsonaro e do presidente nacional do PL, Valdemar Costa Neto.
- Gravada em áudios de WhatsApp exigindo R$ 100 mil de “retorno” (aproximadamente 33 % de uma emenda de R$ 300 mil) para “abrir portas” em municípios do interior paulista.
Imagem destacada: Reprodução das redes sociais de Amanda Servidoni.





Uma resposta
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