Por NUBIA SILVEIRA*
A oposição a Lula vinha repetindo o que já propunha no primeiro governo Lula (2003-2006): deixar o presidente sangrar até as eleições. Não deu certo no início deste século. Não sei se lembraram do passado, mas o certo é que nos últimos tempos a proposta – liderada pelo deputado licenciado e traidor da Pátria, Eduardo Bolsonaro – é a de criar o caos no Brasil. Os bolsonaristas entendem que a confusão geral – no Congresso e nas ruas – levará de volta ao Planalto o inelegível Jair Bolsonaro.
Todos sabemos que o filho Zero Três do ex-presidente e seu cúmplice Paulo Figueiredo, neto (nunca é demais lembrar) do general João Figueiredo, último presidente da ditadura, escolheram lutar pela anistia de Bolsonaro mesmo que isto signifique sacrificar a nação. Não é novidade para ninguém que eles adoram o presidente norte-americano, Donald Trump, colocado por eles num altar, e juram fidelidade à bandeira dos Estados Unidos. Defendem a liberdade de expressão. Liberdade de seguir mentindo, pregando o golpe e atacando a nossa Constituição. Como disse o colunista do Uol Reinaldo Azevedo, ao se referir ao Zero Três, “quem chama democracia de ditadura quer uma ditadura para chamar de democracia”.
Minha percepção é a de que não querem apenas uma ditadura para chamar de sua. Eles odeiam o seu próprio país por ser independente, soberano e respeitador da Constituição. Querem um Brasil subalterno, sem vontade própria, submisso à América que Trump vem moldando. Para Eduardo, Figueiredo e seus seguidores bolsonaristas não basta nos tornarmos um país-satélite, dependente da política e economia norte-americana, ou um país-fantoche, sem legitimidade, sem direito de executar seus próprios programas. Eles vão além: sonham com a volta do Brasil Colônia, como o vivido do século XVI ao início do XIX.
No Brasil Colônia atual não estaremos sob as ordens de Portugal, mas dos Estados Unidos. Trump colocará Bolsonaro no Planalto como seu títere. O poder não será delimitado por uma Constituição, mas pelo desejo de quem – rei ou imperador – comanda a potência dominante. Os Estados Unidos, como país colonizador, explorarão, sem freios e até a última gota, as riquezas do nosso subsolo. Os brasileiros não teremos direito de nos expressar. Este direito caberá apenas aos colonizadores. Aos fantoches, restará ajoelhar-se e dizer amém.
Os Judas Iscariote brasileiros e seus aliados não medem palavras nem obras para subjugar a uma nação estrangeira as nossas instituições, em pleno funcionamento, e a democracia, que reconquistamos há 40 anos. Gritam, ofendem, paralisam o Legislativo para impor medidas que os beneficiem. Não querem ser fiscalizados, prestar contas de seus atos, ser julgados e condenados por seus crimes. Querem anistia para os golpistas que voltarão a pregar e organizar um novo golpe. Não nos iludamos com os que pregam no Legislativo, na imprensa, nos púlpitos das igrejas neopentecostais, nas ruas vestidos de verde e amarelo que a única saída para a política é votar o projeto da anistia. Ceder à chantagem dos que desrespeitam o Congresso e os eleitores é inaceitável.
Não há dúvida: livre da prisão, nenhum dos golpistas se regenerará, nem fará a defesa da soberania do Brasil. Eles não sabem o que é ser soberano. O que querem é passar a boiada sobre a democracia, o ambiente, as terras indígenas, as terras quilombolas, as universidades e – quem sabe? – sobre o voto feminino, como propõe Pete Hegseth, secretário de Defesa do governo Trump.
*Nubia Silveira é jornalista
Foto de capa: IA





Respostas de 3
Parabéns Núbia, belo e necessário artigo.
O que sei é que VCS EXTREMISTAS E BOLSONARISTAS SÃO UMA VERGONHA MUNDIAL. VCS DEVIAM SAIR DO NOSSO PAÍS.
Parabéns, Núbia, reflexão séria e absolutamente adequada para o momento em que vivemos!