Está na hora de tirar o veneno da mesa dos brasileiros

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De EDELBERTO BEHS*

A cada ano, o Brasil concede 10 bilhões de reais em isenções fiscais para o consumo de agrotóxicos, segundo a Associação Brasileira de Saúde Coletiva. Todo esse dinheiro dá uma vantagem competitiva para a produção com veneno. “Como podemos ter alimentos mais saudáveis se estamos estimulando os agrotóxicos com essas isenções?” – pergunta a Oxfam na cartilha Agrotóxicos: Antes de envenenar você, eles envenenam os trabalhadores rurais.

A partir de 2008, informa a cartilha, o Brasil passou a ser o maior consumidor de agrotóxicos do mundo. O governo Bolsonaro aprovou outros 1.529 novos agrotóxicos. “Nos últimos três anos, dos agrotóxicos liberados no Brasil, 475 utilizam princípios ativos proibidos na Europa.

O agrotóxico mais vendido no Brasil é o glifosato, que é classificado como potencialmente cancerígeno pela Agência Internacional de Pesquisa de Câncer (IARC). Em segundo lugar está a atrazina, que é proibida na Europa desde 2004 por sua relação com Parkinson, câncer e infertilidade, esclarece a Oxfam.

Na avaliação da ONG, se o agronegócio paga impostos ínfimos sobre a venda da produção, “os únicos beneficiados por esse modelo são latifundiários, empresas exportadoras de commodities e fabricantes de insumos agrícolas”. Em termos globais, e considerando a receita, apenas quatro empresas respondem por 70% do comércio de commodities, e 50 fabricantes de alimentos respondem por metade de todas as vendas do setor.

A cartilha dá indicações do que é preciso fazer para tirar o veneno da mesa de brasileiros e brasileiras, poupando vidas de produtores agrícolas, entre outros: proibir os agrotóxicos e princípios ativos que não são usados na União Europeia; aprovar a Política Nacional de Redução do Uso de Agrotóxicos; reinvestir na produção orgânica; estabelecer uma moratória na aprovação de novos agrotóxicos e revisar as aprovações dos últimos quatro anos.

Empresas de alimentos e supermercados devem divulgar em seus sites a lista de agrotóxicos usados em seus produtos, e exigir que seus fornecedores façam o mesmo; incentivar o consumo e oferecer produtos agroecológicos e orgânicos.

A Oxfam também motiva consumidores a se pronunciarem, pressionando o governo, parlamentares, as empresas de alimentos e os supermercados para que cumpram as recomendações quanto à divulgação de produtos com agrotóxicos; consumir, na medida do possível, alimentos in natura e minimamente processados; consumir, de preferência, alimentos orgânicos ou de base agroecológica.


*Professor, teólogo e jornalista.

Imagem em Pixabay.

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