Encontro Virtual Define Diretrizes dos Arranjos Produtivos Locais e Regionais

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Por J. CARLOS DE ASSIS*

Realizou-se, no último dia 30, a primeira videoconferência para a organização dos arranjos produtivos locais, regionais e Vocacionais no Brasil. O objetivo foi definir as características essenciais que essas entidades devem ter com vistas a sua finalidade de reunir trabalho e capital num mesmo sistema produtivo. Sua forma, como vem sendo discutido, é a sociedade anônima com resultados proporcionais ao trabalho realizado pelos sócios-trabalhadores, sendo o lucro distribuído a eles de forma justa e equitativa.

Esse sistema, conforme se destacou na reunião, leva ao fim a razão principal da luta de classes, na medida em que não faz sentido que os trabalhadores, tornando-se sócios das empresas em que atuam, lutem contra elas. Esse é o sentido profundo do conceito de Sociocapitalismo, que está por baixo da estruturação da nova sociedade vislumbrada como superação do capitalismo degradado e do socialismo idealista, como haviam previsto Hegel e Marx, no século XIX.

Os participantes da videoconferência discutiram o conceito geral de arranjos produtivos e, no meu caso, insisti principalmente na ideia de arranjos produtivos universitários, ao lado de sua utilização em caráter geral. É que, considerando a profunda crise financeira pela qual passam as universidades públicas, principalmente as federais, estou definitivamente convencido de que uma solução para essa crise passa pela estruturação delas como arranjos organizados em sociedades anônimas pertencentes a todos os seus integrantes, do corpo docente ao mais humilde trabalhador.

As sociedades anônimas são a pedra fundamental do capitalismo, e a única coisa que ainda existe dele que podemos considerar positiva. O resto é poluição, degradação ambiental, exaustão da terra, desperdício de recursos e, em muitos casos, a forma clássica de exploração do homem pelo homem. Já o socialismo é um sistema que parou no meio do caminho. Aonde foi mais longe, como na China, onde se tornou vitorioso no campo material, ainda peca pelo que lhe falta no plano político, já que continua sendo um capitalismo de Estado.

Rodrigo Rocha, sócio e um dos dois diretores da Tribuna da Imprensa, deu uma visão geral do movimento em curso “Vamos Fazer o Brasil Grande de Vez”, e das perspectivas de expansão dos arranjos produtivos no País. Ele expôs dois exemplos concretos de organização de APLs, conduzidos pela consultoria Videirainvest, de que são sócios ele e o empresário Edmundo Silva. Um fica em Sant’Ana do Livramento, RS, voltado para a produção de carne bovina e ovina, quase concluído,  e outro, ainda em fase de organização, em Silva Jardim, RJ.

Já como exemplo para outros arranjos, que serão difundidos em kits, para ampla replicação, Rodrigo apresentou um, centralizado em Tanguá – epicentro agrícola da Região do Leste fluminense, com objetivo de produção de biofertilizantes permutáveis com produtores locais. Será usada a tecnologia de biocatalizadores, com compostagem acelerada, prevendo-se impacto benéfico no solo fértil da região, na agricultura regenerativa e como base para a agroindústria.

Rodrigo também avançou com o conceito de “municípios trunfo”, em torno dos quais se organizariam redes de APLs com vocações econômicas similares, a exemplo do que chamou de “Toscana Brasileira”, a ser desenvolvida no Estado do Rio. Ele apontou outros 340 municípios trunfo que existem potencialmente no Brasil, e que podem ser a base do desenvolvimento sustentável do País de baixo para cima. Com o devido financiamento, podem se tornar a chave para a expansão e ocupação de todo o território nacional com arranjos.

A questão crucial do financiamento dos APLs e APRs foi exaustivamente discutida, com críticas acerbas à utilização da Selic como taxa básica de juros, estrangulando toda a economia. A saída para isso, abordada tanto por Rodrigo Rocha quanto por Daniel Negreiros, professor da UFRJ, outro participante da vídeo, é buscar a intensificação do uso partilhado com a agricultura familiar do Plano Safra, parcialmente subsidiado, e o financiamento externo tanto de instituições internacionais, como BRICS, quanto dos próprios bancos privados – na medida em que tenham taxas de juros e condições de financiamento melhores que as internas, governadas pela extravagante Selic.

Outro tema exposto por Rodrigo foi o papel que pretendemos dar – nesse caso, incluindo eu, como editor-chefe – ao jornal Tribuna da Imprensa. Nosso objetivo é torná-lo o principal instrumento de divulgação e de expansão dos arranjos produtivos no país, mediante a articulação com uma rede associada de blogs, sites e outros agentes na internet, de alta credibilidade, com amplo alcance de seguidores. Estamos fazendo isso, por enquanto em fase preliminar. Mas nossa meta, até o fim do ano, é alcançar um milhão de seguidores.

Entendo – e nesse caso fala o editor-chefe, confiante no poder de comunicação da internet – que a melhor forma de difundir os arranjos é apresentando os seus potenciais e os seus desafios. O consultor Sinoel Batista, que será o secretário geral do movimento, mandou para os participantes da vídeo um trabalho feito em outra ocasião para o Nordeste, destacando os temas a serem tratados no movimento.

Esses temas, cada um deles devendo caber a uma diretoria específica, devem ser assumidos por diretorias especializadas, a saber: Agricultura Familiar, Assistência Social (com destaque para crianças e idosos), Ciência e Fomento ao Conhecimento, Cultura, Desenvolvimento Econômico, Educação (com ênfase em escolas técnicas e profissionalizantes), Energias, Meio Ambiente, Políticas Públicas de Gênero, Saneamento Sanitário e Abastecimento de Água, Saúde, Segurança Hídrica, Segurança Pública, Turismo e Juventude.

Ficou estabelecido que, a curto prazo, uma assembleia online será convocada para discutir o programa do movimento e sua aprovação. Ela deverá definir as estruturas básicas dos arranjos, a organização de seus participantes por classes e sua forma de remuneração. A direção provisória do movimento será assumida pelo empresário Edmundo Silva, sócio da Tribuna  (ex-presidente do Flamengo), como diretor-presidente; o outro sócio, Rodrigo Rocha, também empresário, como diretor-executivo;   o jornalista e economista José Carlos de Assis, como editor-chefe do jornal, que se encarregará especialmente do sistema de comunicação do movimento, com foco sobretudo no desenvolvimento dos arranjos produtivos;  e o consultor Sinoel Batista, como secretário geral.


*J. Carlos de Assis é jornalista, economista, doutor em Engenharia de Produção, professor aposentado de Economia Política da UEPB, e atualmente economista chefe do Grupo Videirainvest-Agroviva e editor chefe do jornal online “Tribuna da Imprensa”, a ser relançado brevemente.

Foto de capa: Reprodução /A

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