Ecossocialismo: para que e porquê

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Por NAIA OLIVEIRA*

Ao Papa Francisco, que nos deixou a Encíclica Laudato-Si, convocando católicos e não cristãos a se engajarem no combate às mudanças climáticas e ao cuidado da Casa Comum, nosso reconhecimento.

            O projeto do Ciclo de Debates “Ecossocialismo: para que e porquê”, que reúne a Universidade Federal do Rio Grande do Sul, através da Faculdade de Arquitetura, mais especificamente seu Programa de Pós-Graduação em Planejamento Urbano e Regional (PROPUR) e a Rede Brasileira de Ecossocialistas (RBE), através do Núcleo do Rio Grande do Sul (RS), teve seu início na sexta-feira, dia 25 de abril, no Auditório da Faculdade acima citada.

            Tivemos a presença de Enéas de Souza trazendo a instigante exposição Capitalismo Financeiro em Busca do seu Eterno Retorno; a de Arlindo Rodrigues com a exposição que contemplou a Rede Brasileira de Ecossocialistas, Utopias em Movimento; e de Michael Löwi, fazendo uma participação especial on-line, sobre Ecossocialismo no Contexto Mundial.

            O Ciclo de Debates “Ecossocialismo: Para que e Porquê” tem sua proposta oriunda no Núcleo do RS da RBE, lançada durante o Fórum Social Mundial de 2003 em Porto Alegre. Esse Núcleo se constitui em uma organização de militantes que, nas diferentes esferas de ação política, buscam atuar de acordo com os princípios e a reflexão teórica e programática constituídos pelo Ecossocialismo. É necessário destacar que assim como a RBE, esse Núcleo é suprapartidário.

            Para execução do ciclo de debates fomos buscar a parceria com o PROPUR, lugar de excelência para a apresentação e o debate de questões emergentes da contemporaneidade e que requerem a convergência com as comunidades.

            Conforme a professora Lívia Salomão Piccinini reconhecemos que a cidade é a expressão e projeção da sociedade, sendo também um campo de luta e de aprendizado. Isso nos permite dizer que cada cidade tem seus percursos e seus recursos particulares, tem uma história, que mostra a tecitura entre as relações de classes, de gênero, de raça, as discriminações, o machismo e todas as lutas que ocorrem no contexto histórico e que são lutas por espaço. Nessa materialidade, se desenvolve a vida social, emerge a crise ambiental, resultado da lógica que orienta esse próprio ambiente. E, embora a crise ambiental seja global, ela apresenta particularidades no campo e para cada cidade.

            Assim, com o objetivo de exercer uma articulação, buscando unidade às diversas ações na tentativa de maior organicidade (rural, urbana, social, socioespacial), buscamos constituir um espaço de troca de conhecimentos e estudos, tendo por pressuposto que a crise socioambiental advém do conflito sociedade-natureza.

            Ademais, ressalta-se que no mês de maio de 2024, o desastre socioambiental que ocorreu no Estado e especialmente na Região metropolitana de Porto Alegre, remete a todos à necessidade de refletir e colaborar com a busca de alternativas às grandes ameaças político-ambientais no seu largo leque desde a crise climática, até a perda da biodiversidade e a poluição.

            Este evento conta com o apoio da Livraria CirKula, responsável pela edição do livro que inspirou esse ciclo de debates, e se propõe a nos acompanhar nos encontros com uma banca de livros sobre ecologia. O livro Ecossocialismo: para que e porquê reúne reflexões sobre nosso tempo marcado pela emergência mostrando que o sistema capitalista não sustenta a vida. Os textos de militantes, acadêmicos e políticos da coletânea abordam temas como racismo ambiental, ecofeminismo, impactos do agronegócio, urbanismo e democracia, que serão aprofundados nas palestras e nos debates, que estão ocorrendo às sextas-feiras pela manhã na Faculdade de Arquitetura da UFRGS.

            São previstos para sexta-feira, 09/05, às 9:00 hs, Leonardo Melgarejo em vídeo -Ecossocialismo ou Barbárie; Gerson Almeida – A Democracia é condição para a Transição Ecológica nas Cidades; Naia Oliveira – Ecofeminismo: Estupro e Inundação; e Marcelo Bastos – Racismo Ambiental e Ecologismo Decolonial.

            Na sexta-feira, 16/05, 9:00 hs teremos João Hélio Ferreira Pes – Alternativa Ecossocialista diante do Colapso Ambiental, da Desigualdade Social e da Mercantilização da Água; Paulo Brack e Marcelo Mosmann – O agronegócio e as commodities destroem o equilíbrio climático, a economia e nossos biomas; e Márcio de Souza Bernardes – Ecossocialismo de Karl Marx e o Comum no Constitucionalismo Latino-Americano: Caminho para uma Sociedade Ecossocialista?  

            A mediação dos debates está ao encargo de César Luciano Filomena, professor da UNIPAMPA e Auditor do TCE-RS

            A organização e coordenação do Ciclo de Debates se deve a Lívia Salomão Piccinini, PROPUR e Naia Oliveira, Núcleo do RS da RBE.


*Naia Oliveira é socióloga e ecofeminista.

Foto de capa: Reprodução

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Respostas de 2

  1. ECOSSOCIALISMO. Para que e porque.

    ENÉIAS DE SOUZA:
    Discorreu sobre as adaptações e intensificação das intervenções do capitalismo, de investimentos para o rentismo puro.

    1° LUTAS CONCRETAS, SIMPLES E OBJETIVAS. (não deixar ninguém pra trás.)
    2° DISPUTAR AS TRANSFORMAÇÕES E O PROCESSOS TRANSITORIOS
    3° PERCEPÇÃO DA LUTA: A UTOPIA, REVERSÃO DO PROCESSO HISTÓRICO, CADA VEZ MAIS URGENTE E NECESSÁRIA.
    ___________________________

    ARLINDO RODRIGUES

    IDENTIFICAÇÃO COM O TODO, A PACHAMAMA.
    A LUTA É COLETIVA: IDENTIDARIEDADE COLETIVA (Dedos separados, mas juntos num punho)
    Não aceitar “compensações” – – – – “preservar” explorando ?!

    Construir a democracia e o papel do estado popular e democrático.
    Ética da economia (solidária em rede); controle da sociedade civil.
    RADICAL no sentido do ANTI-CAPITALISMO: É impossível o capitalismo resolver os atuais problemas.
    Desafios: levar a nível mais amplo os princípios éticos acima.
    A construção deve ser em rede.
    Manifesto da Rede Brasileira de Ecossocialismo: Caráter amplo (partidos, órgãos da sociedade civil, academia)

    Participação continental e global.
    O ECOSSOCIALISMO INTEGRACIDEOLOGIA SOCIALISTA E A PRAXIS ECOLÓGICA.
    “A Ecologia sem luta de classes é jardinagem” (Chico Mendes(?))
    _______________________________
    Filomena:
    Importância do ecossocialismo:
    Manifestações danosas atuais:
    Catástrofes, incerteza do futuro.
    O Estado Hoje: Medidas de mitigação insuficientes, freadas pelo neoliberalismo.

    Necessário: A implantação do fortalecimento da sociedade civil no controle.
    Reunião do Estado, Sociedade civil (nós) e o mercado, para comprometimentos.

    Para o Auditor Economista (como o palestrante) qual é o ganho ? Haverá liberdade política e intervenção econômica ?

    Produção SUFICIENTE, e basta !

    A Ecologia é um ENTRAVE ao desenvolvimento capitalista !

    Lembrou tradição e origens da luta no RS: Luxemburgo, AGAPAN.

    Intervenções da Platéia:

    Magda: Organização Nacional e Internacional com parceiros (Cuba, China)

    Experiência no Executivo (Olivio) no estado fomentando o empreendedorismo ecológico.
    ________________________
    Felisberto:
    Capitalismo de estado da China. .Desenvolvimento para quem.
    .Orçamento participativo.
    .Implenentar egras de construção coletiva. (E não individualista)
    _____________________________
    Campani:
    São dias da Conferencia da Cidade privilegia CCs e empresários.
    Citar a Constituição: Garantia de participação da sociedade civil.
    ________________________^
    Daniel:
    Quem domina a economia é o capital portador de fundos e não mais o investidor industrial/comercial.
    _____________________________
    WALTER ARAGÃO (INCRA):

    Retomar o “SINDICALISMO CIDADÃO”:
    A escravatura gerou a maior injustiça demissional.
    A proletarizacao aumenta, atingindo a classe média .
    É preciso as entidades buscarem iniciativas educacionais tipo escolas populares e atividades esclarecedoras e engajadoras no ecossocialismo.

    Michael Lowy (on line):
    E difícil o otimismo ?
    Catástrofes mundiais.
    Incêndios reduzem absorção de carbono e fumaça polui a atmosfera.
    Problemas glaciais provocam enchentes.
    Nível do mar subindo (derretimento das calotas pelo aquecimento)
    Desertificação; temperaturas muito altas.
    Não é possível prever até onde vai a temperatura.
    Risco de extinção das espécies!
    Nas PROXIMAS DÉCADAS !

    O que é feito ?!
    Governos ECOCIDAS !
    petróleo, carvão, gás…
    Tipo de Governos nefastos !

    Alguns governos reconhecem os riscos, mas não tomam ações significativas.
    Os países : Prêmios por “crédito de carbono” não têm repercussão ou consequências.
    As conferências internacionais não resolvem. Estão a serviço do capitalismo e seu metier.
    As energias “limpas” eólica, solar, etc. são complementares, não subsistuem extração de petróleo, carvão…
    Até o papa indica a culpa do capitalismo.
    Precisamos de alternativas anti-capitalistas !
    A RAIZ do problema é a lógica CAPITALISTA, então temos que romper com ele !
    É preciso expropriar a exploração poluidora. Tornar estatal é definir os ramos de produção prioritários: alimentos, saúde, educação, saneamento, com fiscalização.
    É preciso reduzir consumo e produção de serviços inúteis,
    explo: Publicidade, que gasta muito e produz consumo.
    Acabar com a obsolescência programada.
    Produzir bens duráveis e reparáveis.
    Deixar de produzir iates, carrões, super mansões…
    Satisfação das necessidades humanas e não mais q isso.
    Saúde, alimentação, educação e atividades humanas saudáveis e de custo mínimo. Passear, esportes, tranzar, reunir-se, diversão e cultura.

    Atualidade da revolução: puxar o freio do “trem” do crecimento da “civilização”, pois os passageiros estão em risco grave e iminente !

    Renovar o enfrentamento na sociedade, estado, mercado…
    ____________________________
    Magda: Questão cultural: o individualismo açoberbado. Os jovens não comparecem nas atividades Ecossocialistas.

    RESPOSTA DO LOWY
    Como enfrentar a falta de participação ecossocialusta ?

    Como enfrentar o poderio do sistema ?
    O poder da estrutura social, o Estado.
    A esquerda se esforça e o aparelho de mídia, da direita, é poderosa, mas a população votou contra o negativismo e a direita. Tem potencial que se manifesta nas lutas socioecologicas. Ex o MST luta por modelo alternativo de agricultura: ecológica, familiar, científica tradicional.
    Quebrar o monopólio da terra.
    Mobilizações ecológicas é base.
    Convergência entre luta social e ecológica.
    (Os jovens na) Luta por passe livre ! Social e ecológica ( reduzir n° de carros)
    Experiência da luta faz pensar e cria consciência de classe e de quem é o adversário.
    Greta chamou mobilização pelo clima. A juventude tem consciência do risco do futuro.
    ____________________

    ARLINDO:
    Rede Brasileira do Ecossocialismo, Haverá conferência.
    Premência do tempo pelo avanço da degradação.
    A importância da Amazônia o Rio Aéreo e sua abrangência
    Se colapsando, o capital não quer ver, pelo lucro imediato.
    Mas os efeitos nas famílias são locais.
    O capital destrói e se muda.
    Como favorecer as famílias (locais) e os interesses do capital mundial ?
    _________________________
    ENÉIAS:
    Capital a juro, evoluíram após Marx.
    O capital a juro realiza várias mudanças de interesses.
    A questão da sociedade econômica e interesses sociais.
    A Ecologia é inimiga para o capitalismo.
    Pensar a transformação da sociedade com proposta, ação e contestação.
    A civilização é complexa e precisamos resolvê-la.
    _______________________

    (É o relato.)
    Jorge

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