Delegada da PF cita pressão de Anderson Torres para associar PT a facções criminosas

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Um documento do bloco de notas encontrado no celular da delegada Marília Ferreira mostra que havia uma pressão do ex-ministro da Justiça Anderson Torres para associar o Partido dos Trabalhos (PT) a facções criminosas. A intenção era atrapalhar o andamento das Eleições de 2022.

A anotação foi entregue pela Apple à Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) do 8 de janeiro, que investiga os atos golpistas ocorridos em Brasília. O texto está escrito em primeira pessoa e descreve a mobilização do ministério e a preocupação de Torres com o votação nos estados do Nordeste, onde o então candidato Luiz Inácio Lula da Silva era favorito.

Leia os trechos divulgados pela Folha de S. Paulo:

“Havia uma preocupação do ministro com o Nordeste e ele falava muito na Bahia, pois havia visto no mapa com o planejamento do primeiro turno que havia muito pouca distribuição de equipes no interior da Bahia. Desde antes do primeiro turno a DINT [Diretoria de Inteligência] recebia dezenas de vídeos e postagens de pessoas, a maioria delas fake news, sobre compra de votos e ligação do PT com facções criminosas”, diz um trecho.

“Toda notícia ou informe que chegava, tentávamos fazer a confirmação pedindo o BO [boletim de ocorrência] ou consultando o centro de inteligência respectivo. Então, algo que estava arraigado ali na SEOPI [Secretaria de Operações Integradas do ministério] era essa relação do PT com compra de votos, e sempre comentávamos sobre isso”, relatou.

“Havia uma certa pressão para que eu fizesse um relatório que indicasse a relação do PT com facções criminosas, pois havia alguns indicativos disso, mas não fizemos porque não havia comprovação”, escreveu.

O relatório da Apple ainda afirma que haviam apenas cinco notas no celular, registradas entre os dias 31 de dezembro de 2021 e 18 de agosto deste ano. Não foi possível precisar a data do documento citado.

A delegada Marília Ferreira e o ex-ministro Anderson Torres estão sendo investigados dentro do inquérito que apura a atuação da Polícia Rodoviária Federal (PRF) na organização de blitze para atrapalhar o segundo turno das eleições. O ex-diretor-geral da PRF Silvinei Vasques está preso desde agosto no âmbito desta investigação.


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