Por EDELBERTO BEHS*
Nos três primeiros meses do ano foram assassinados dez jornalistas; 99 continuam desaparecidos, 54 são reféns e 558 estão presos. A pesquisa é da organização Repórteres Sem Fronteiras (RSF) que também publicou um levantamento completo da situação de profissionais da imprensa verificada em 2024.
Neste ano, as forças armadas israelenses foram responsáveis pela morte de um terço dos jornalistas, de um total de 54. Desde outubro de 2023, 145 jornalistas foram mortos por Israel, incluindo pelo menos 35 alvejados ou assassinados durante a cobertura dos acontecimentos em Gaza.
O relatório da RSF sobre a situação em 2024 aponta as quatro maiores prisões de jornalistas no mundo: China, com 124 detidos, incluindo 11 em Hong Kong; Birmânia, 61; Israel, 41, e Bielorrússia 40.
O México se destacou, em 2024, como o país com o maior número de jornalistas desaparecidos, com cinco profissionais, representando 30% dos casos. A Síria aparece com três desaparecidos, Mali outros três, a República Democrática do Congo com dois, o mesmo número na Palestina e no Iraque. A Nicarágua teve um profissional desaparecido no ano.
Mais de 700 jornalistas receberam apoio emergencial da RSF em 2024. A organização alocou 70% dos fundos para reassentamentos temporários ou exílios permanentes de jornalistas, permitindo que buscassem refúgio de ameaças de morte, prisão ou represálias físicas.
Profissionais da imprensa do Afeganistão, da Rússia, do Irã, da Birmânia e do Sudão, onde a repressão à imprensa foi particularmente virulenta em 2024, foram os que mais pediram suporte técnico ao RSF.
A organização internacional dos jornalistas propões a introdução de um visto de emergência para jornalistas em perigo, a garantia de acesso aos programas de reassentamento e proteção individual, e uma legislação que reconheça jornalistas perseguidos como refugiados.
Uma atividade em baixa, com profissionais sendo xingados, perseguidos, tripudiados, assediados, assassinados, mas cada vez mais importante para a sociedade democrática. No decorrer do ano, aquela lista macabra certamente aumentará.
*Edelberto Behs é Jornalista, Coordenador do Curso de Jornalismo da Unisinos durante o período de 2003 a 2020. Foi editor assistente de Geral no Diário do Sul, de Porto Alegre, assessor de imprensa da IECLB, assessor de imprensa do Consulado Geral da República Federal da Alemanha, em Porto Alegre, e editor do serviço em português da Agência Latino-Americana e Caribenha de Comunicação (ALC).
Foto de capa: Reuters