Por RUDOLFO LAGO*, do Correio da Manhã
Ao explicitar as negociações em torno do projeto de anistia, a ministra da Secretaria de Relações Institucionais da Presidência, Gleisi Hoffmann, não gerou somente reações externas. Talvez as mais complicadas sejam as relações internas. O PT terá eleições para escolher seu novo presidente no dia 6 de julho. Interinamente, depois que Gleisi saiu para ser ministra, assumiu a presidência o senador Humberto Costa (PE). Mas há nada menos que cinco nomes na disputa pelo comando do PT. Nomes que vão do alinhamento total com o governo à total independência. E é por isso que é delicado no plano interno que a ex-presidente do partido tenha admitido uma negociação em torno da anistia aos presos do 8 de janeiro de 2023.
Aliança
Embora o PT seja o principal partido, Lula governa o país em uma aliança diversa, na qual precisa conviver e precisa do apoio de forças conservadoras. Especialmente, o governo precisa se relacionar com um Congresso hoje majoritariamente conservador. Qual papel deve ter o PT?
Debate
O debate que vai marcar a eleição em julho será justamente sobre esse papel. Como principal partido da coligação e a legenda do presidente, o PT deve alinhar-se às necessidades dessa coligação ou deve firmar as suas próprias características de partido de esquerda na aliança?
Ninguém presidirá o PT de porteira fechada
Rui Falcão defende reafirmação do PT | Foto: Lula Marques/ Agência Brasil
Ao defender o nome do ex-prefeito de Araraquara Edinho Silva para presidir o partido, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva imaginar ter exatamente alguém totalmente alinhado com os planos do governo. Um nome que exercesse esse comando com o trabalho de levar Lula à reeleição, o que implicaria apoiar todas as alianças necessárias. O problema foi a forma como Edinho começou a se comportar. Edinho sinalizou que vetaria a permanência de Gleide Andrade, tesoureira do partido, ligada a Gleisi. Com isso, Edinho começou a sofrer resistências dentro da corrente majoritária do PT, a Construindo um Novo Brasil (CNB).
Resistência
A resistência a esse plano de Edinho acabou explicitada numa reunião com Lula na casa da própria Gleisi. Outros nomes da CNB, como o próprio Humberto, começaram a se opor. Construiu-se, então, um acordo pelo qual se apoiaria Edinho, mas sem todos os cargos.
Oposição
O problema é que esse processo não unificou o partido. Outras quatro candidaturas surgiram. Dentro da própria CNB, o prefeito de Maricá (RJ), Washington Quaquá, lançou uma candidatura dissidente. Que, no fundo, aproxima ainda mais o PT do Centrão.
Esquerda
E outras candidaturas surgiram mais à esquerda, com a tese de que mais do que apoiar a reeleição de Lula, o partido precisa firmar suas posições. Esse posicionamento vai desde um nome que já presidiu o PT, o deputado Rui Falcão (SP), da corrente Novo Rumo.
Popular
A coisa se intensifica com Walter Pomar, da Articulação de Esquerda, que prega reaproximação com os movimentos populares. O outro candidato é Romênio Pereira, do Movimento PT. Qual o risco? O comando terminar fraturado. Tudo o que Lula não precisa.
*Rudolfo Lago é jornalista do Correio da Manhã / Brasília, foi editor do site Congreso e é diretor da Consultoria Imagem e Credibilidade
.Publicado originalmente no Correio da Manhã.
Foto de capa: Além de Edinho, outros quatro nomes disputam o PT |Valter Campanato/Agência Brasil
Uma resposta
Detesto as críticas que vocês fazem ao PT totalmente maldosas e tendenciosas à direita transformam os membros em imbecis e sedentos ao poder sem um pingo de união e amizade entre si.