Por RUDOLFO LAGO*, do Correio da Manhã
Reportagem publicada pelo jornal britânico Financial Times apontou que o deputado Eduardo Bolsonaro (PL-SP) fracassou de forma retumbante na sua tentativa de reverter as decisões do Judiciário brasileiro contra seu pai, o ex-presidente Jair Bolsonaro, a partir dos Estados Unidos. Não apenas Eduardo não conseguiu evitar que seu pai fosse condenado e preso como ajudou a produzir algo que, se gerou prejuízos econômicos ao Brasil, talvez tenha reservado males maiores aos próprios Estados Unidos. É o que mostram dados coletados pela Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (Apex) sobre os impactos nos principais negócios brasileiros, desde o início do tarifaço, obtidos pelo Correio Político.
Um mercado só
Os dados mostram que o tarifaço imposto pelo presidente dos EUA, Donald Trump, sem dúvida produziu efeitos negativos nos negócios brasileiros. Mas gerou forte inflação por lá. E apontou que o melhor caminho para o Brasil é depender menos de um mercado só.
Multilateralismo
Como regra geral, Donald Trump e os setores de direita que seguem suas idéias desestimulam o multilateralismo. Os dados da Apex mostram que o prejuízo do tarifaço teria sido infinitamente maior se o Brasil concentrasse nos Estados Unidos sem ter outras alternativas.
Para o mundo todo, Brasil vendeu mais, e não menos
Entre agosto e outubro, desde o início do tarifaço, as exportações brasileiras para os EUA caíram 25%. Mas as vendas totais para o exterior subiram 6%. Se a conta excluir os Estados Unidos, mais de 10%. Ou seja, numa conta geral, o Brasil não teve prejuízo. O crescimento para outros destinos gerou um lucro líquido de US$ 5,5 bilhões. Em vários casos, o produto que caiu nos EUA, subiu em outros países. O café é um exemplo. O café verde (produto in natura) teve crescimento nas suas exportações para a China, Itália, Japão, Países Baixos e Turquia, entre outros destinos. A diversificação de mercados revelou-se o melhor caminho econômico para o Brasil.
Diversificação
Um estudo da Apex que apontava a grande dependência de 195 produtos da exportação para os EUA (que em alguns casos chegava a 45%) começou a mapear mercados alternativos. Essa diversificação passa a funcionar como uma “carteira de destinos”.
Guerras
Se um fator provoca dificuldade em um país, as alternativas estão postas. Porque o tarifaço não é o único problema internacional possível. Há guerras e pandemias, por exemplo. Como acontece em razão do conflito entre a Rússia e Ucrânia, que produz eventuais sanções.
Crescimento
O mapa da Apex, assim, sugere possibilidades em países que estão em regiões de maior crescimento econômico, como Índia, Sudeste Asiático, Oriente Médio e alguns países latino-americanos. Também países europeus que exportam produtos com maior valor agregado.
Emergentes
O mapa de oportunidades da Apex mostra o caminho dos países emergentes. Para a Índia, 385 produtos potenciais, inclusive um nicho particular, as sementes de gergelim. Para a Indonésia, 286. No caso dos Emirados Árabes, 446. Alimentos, máquinas, minérios…
*Rudolfo Lago é jornalista do Correio da Manhã / Brasília, foi editor do site Congreso e é diretor da Consultoria Imagem e Credibilidade.
Publicado originalmente no Correio da Manhã.
Foto de capa: Reprodução




