Por RUDOLFO LAGO*, do Correio da Manhã
Em almoço nesta terça-feira (15) na Casa Correio da Manhã, em Brasília, o presidente da Federação do Comércio do Distrito Federal (Fecomércio-DF), José Aparecido Freire, mostrou como o tarifaço que o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, pretende impor sobre o Brasil não afeta somente os setores exportadores. Afeta toda a economia e, assim, impacta forte na vida de todos os brasileiros. A Fecomércio engloba também os setores de serviços e turismo. Então, ele deu um exemplo da sua área. O tarifaço de Trump afetará a indústria aeronáutica, que acabará repassando custos adicionais para o valor das suas aeronaves. Esses valores acabarão sendo repassados pelas empresas aéreas para o preço das passagens.
Preços
Os consumidores pagarão mais caro para viajar. E os comerciantes que importam ou exportam produtos verão o valor aumentar no preço dos fretes. Também repassarão isso para os consumidores, sempre prejudicado no final. “Todo mundo acaba afetado”, disse Aparecido.
Embraer
De fato, na linha do que disse o presidente da Fecomércio, o presidente da Embraer, Francisco Gomes Neto, estima que o valor de cada avião comercial fabricado pela companhia ficará R$ 50 milhões mais caro se houver a sobretaxação de 50% sobre os produtos.
Custo maior na exportação pode ser repassado
Lula voltou a recuperar popularidade | Foto: Ricardo Stuckert/PR
Claro, esse aumento estimado diz respeito à venda de aeronaves nos Estados Unidos. Mas essa dificuldade acaba sendo repassada internamente para o Brasil. Até porque a crise poderá levar a demissões na empresa. Esse exemplo se alastra para outros setores. “Tudo isso é grave e preocupante”, observa José Aparecido Freire. Assim, não são por acaso as repercussões políticas. O brasileiro parece ter compreendido bem o tamanho do risco que representa o tarifaço de Trump. A pesquisa Atlas/Bloomberg divulgada nesta terça-feira (15) aponta para isso com clareza. Com o tarifaço, Lula não apenas parou de cair. Começa a recuperar a popularidade.
Empate
Segundo a Atlas, depois de uma série de reveses, a aprovação de Lula voltou a empatar com a desaprovação. Agora, aprovam o governo 49,7%. Desaprovam, 50,3%. A aprovação teve uma subida de 2,4 pontos percentuais com relação à rodada anterior, em junho.
Reação
Quando a pesquisa se refere exatamente à forma como o governo Lula lidou com a ameaça de Trump, a aprovação da população é clara. Para 44,8% dos entrevistados, a reação foi “adequada”. Foi “agressiva” para 27,5%. E “fraca” na opinião de 25,2%.
Externa
A pesquisa tem outros recortes importantes. Dos ouvidos, 60,2% dizem aprovar a política externa do governo Lula, contra 38,9% que desaprovam. O dado é importante, uma vez que parte da oposição tentou jogar sobre Lula a responsabilidade pelo tarifaço.
Diálogo
Para completar, 61,1% acham que Lula é melhor que o ex-presidente Jair Bolsonaro no plano internacional. Voltando a José Aparecido, agora é esperar como Lula seguirá lidando com a situação. “Espero que tudo venha se resolver com diálogo, sem radicalização”.
*Rudolfo Lago é jornalista do Correio da Manhã / Brasília, foi editor do site Congreso e é diretor da Consultoria Imagem e Credibilidade.
Publicado originalmente no Correio da Manhã.
Foto de capa: “Claudio Magnavita com José Aparecido | Rudolfo Lago/Correio da Manhã