Por RUDOLFO LAGO*, do Correio da Manhã
Ex-ministra da Agricultura no governo Jair Bolsonaro, a senadora Tereza Cristina (PP-MS) avalia que o agronegócio acabará não sendo um segmento dos mais afetados com o tarifaço imposto por Donald Trump. O setor produtor de laranja, que seria o mais prejudicado, já conseguiu entrar como uma das 700 exceções desde o início. Resta como setor prejudicado o café. Mas Tereza Cristina, que esteve nos Estados Unidos com o grupo de senadores da Comissão de Relações Exteriores, ainda confia que o produto acabe também entrando numa segunda lista de exceções durante a negociação. Para os demais produtos do agro, avalia ela, a participação brasileira nas compras dos Estados Unidos não seria muito importante, com alternativas.
Carne
Mesmo no caso da carne. A participação brasileira na importação da proteína pelos EUA gira em torno de 6%. E as maiores empresas do setor, caso da JBS, têm endereço e fazendas no próprio país presidido por Trump. Conseguiriam comercializar como produto dos EUA.
Café
Da mesma forma, têm também produção a partir da Austrália. O que daria a chance de importação com taxação menor que a brasileira. No caso do café, o impacto é maior. O Brasil representa cerca de 30% do café importado pelos Estados Unidos.
Calçados e outros produtos semelhantes terão impacto

Setores como o de calçados mais afetados | Foto: Abicalçados
A preocupação de Tereza Cristina é com o setor de manufaturados. Mesmo que o volume de compra dos EUA em alguns casos possa ser menor, o problema é a existência de toda uma cadeia de produção que estaria muito direcionada a produzir para o mercado norte-americano. E, com isso, a possibilidade de crise e provável desemprego no setor acaba podendo ser maior. A empresa Jacometi, da cidade de França (SP), por exemplo, destina 60% da sua produção para os Estados Unidos. Existem também setores com empresas que fazem parte da produção, acabamentos, de roupas, bonés, etc, que também seriam afetadas.
CPMI
Na tarde de quarta-feira (20), o governo ainda estava tonto com a derrota que sofreu na instalação da CPMI do INSS. Como mostrara o Correi Político, os governistas estavam confiantes de que teriam o domínio da comissão, esperando resultado semelhante à CPI do MST.
2 a 0
A CPI do MST acabou sem relatório, que seria de Ricardo Salles (PL-SP), aprovado. No caso, porém, da CPMI do INSS pelo menos na largada o governo apanhou feio. Sem o presidente e sem o relator, o placar já começou em 2 a 0 contra o governo nos primeiros minutos.
Cochilo
Na avaliação de oposicionistas ouvidos pelo Correio Político, aconteceu mais uma vez um tipo de cochilo que muitas vezes parece comum no Congresso, especialmente no Senado. Representantes do governo não aparecem ou demoram a aparecer.
Oposição
A oposição se aproveita dessas ausências, se organiza e acaba dominando o cenário antes de qualquer reação. Nas comissões temáticas, especialmente aquelas que a oposição comanda, esse tipo de situação tem sido comum. Subestimou-se a oposição.
*Rudolfo Lago é jornalista do Correio da Manhã / Brasília, foi editor do site Congreso e é diretor da Consultoria Imagem e Credibilidade.
Publicado originalmente no Correio da Manhã.
Foto de capa: Tereza Cristina participou da comitiva que foi aos EUA | José Cruz/Agência Brasil





Uma resposta
A cidade é Franca, no interior de S. Paulo, uma das capitais do sapato no Brasil, junto com Novo Hamburgo. Na Franca, como eles dizem, o pessoal deve estar bem preocupado.