Por RUDOLFO LAGO*, do Correio da Manhã
A destinação milionária à época era para a construção de uma área residencial. Apesar de uma enorme verba já ter sido repassada, a maioria das casas ainda não tinha infraestrutura. Nem teto muitas delas tinham. Na época, tudo isso foi investigado pelo titular deste Correio Político e por Denise Rothenburg no jornal O Globo. Denise foi a Serra Dourada. E o então prefeito a surpreendeu abrindo uma gaveta e tirando uma série de recibos em nome dos vereadores da cidade: “Pagamento que me é feito em troca do apoio ao deputado João Alves”.
Alves foi destituído
A imagem do recibo foi parar na capa do jornal. E tornou-se impossível conter o escândalo. João Alves foi destituído da relatoria do orçamento, que passou a ser exercida pelo próprio líder então do PFL, Ricardo Fiúza (PE). Era o início de um escândalo que acabou culminando com o assassinato, em 1993, de Elizabeth Lofrano, morta por seu marido, José Carlos Alves dos Santos.
José Carlos
José Carlos era o principal assessor da Comissão de Orçamento à época. E teria assassinado sua esposa porque ela ameaçava contar o que sabia sobre o esquema. Agora, de novo há uma pequena cidade reduto eleitoral de uma alta autoridade da Câmara. De novo, há agora uma assessora como alvo de investigações.
Glauber
De acordo com a Petição 14.949, de Flávio Dino, que embasou a operação, foram ouvidos alguns parlamentares. Inclusive o deputado Glauber Braga (Psol-RJ), que teve seu mandato suspenso por seis meses na semana passada. Glauber afirma que Lira era quem mais pressionava pela cassação do mandato.
Depoimentos
Além de Glauber, foram ouvidos os deputados José Rocha (União Brasil-BA), Adriana Ventura (Novo-SP), Fernando Marangoni (União Brasil-SP), Dr. Franciso (PT-PI), o senador Cleitinho (Republicanos-MG) e uma servidora da Câmara dos Deputados, Elza Carneiro. Os depoimentos são reproduzidos na petição de Dino.
Dinheiro vivo
No caso de Rio Largo, as investigações mostraram que saques abaixo de R$ 50 mil eram feitos. Esse limite fazia com que os saques não entrassem na mira do Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf). Os valores, em dinheiro vivo, eram repassados, diz a investigação, “em um beco” pelo ex-prefeito Gilberto Gonçalves.
Municípios
Além de Rio Largo, há outros municípios alagoanos que são citados na petição de Flávio Dino: Barra de São Miguel, Maragogi, Feliz do Deserto, Novo Lima e Junqueira. As destinações, não somente para Alagoas e para esses municípios, seriam definidas na tal “Salinha do Orçamento”, que foi alvo da operação.
Negativa
A nota divulgada pelo presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), procura negar todas as suspeitas. Afirma que nada de irregular haveria no que está na petição de Flávio Dino. De qualquer modo, como aconteceu há pouco mais de 30 anos, um novo escândalo parece vir à tona.
*Rudolfo Lago é jornalista do Correio da Manhã / Brasília, foi editor do site Congreso e é diretor da Consultoria Imagem e Credibilidade.
Publicado originalmente no Correio da Manhã.
Foto de capa: Rio Largo: 70 mil habitantes, R$ 90 milhões em emendas | Prefeitura de Rio Largo





Uma resposta
Boa matéria