Por RUDOLFO LAGO*, do Correio da Manhã
Embora já tenha sido governado duas vezes pelo PT e uma pelo PSB, o Distrito Federal deu nos últimos tempos uma significativa guinada à direita. Escolheu Jair Bolsonaro para presidente tanto em 2018 quanto em 2022. Tem alguns dos principais representantes do bolsonarismo, como a senadora Damares Alves (Republicanos) e a deputada Bia Kicis (PL). Um governador que se apresenta à direita, Ibaneis Rocha (MDB), e que lança como sua sucessora sua vice, Celina Leão (PP), também de direita. Apesar de tudo isso, recente pesquisa divulgada pelo Instituto ABC Dados mostra no DF um curioso paradoxo: o presidente Luiz Inácio Lula da Silva lidera as intenções de voto para 2026. Talvez as razões possam se estender para o resto do país.
Rejeição
Os eleitores do DF apontam forte rejeição a Lula. Seu governo é “péssimo” para 56%. Sua desaprovação é de 66%. Sua rejeição como candidato é de 62% (não votariam no atual presidente de jeito nenhum). Mas mesmo assim, é Lula quem lidera no DF a corrida eleitoral.
Lula
Se as eleições fossem hoje, segundo a pesquisa, Lula teria 29% das intenções de voto. O segundo lugar seria do governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), com 23. Michelle Bolsonaro (PL) teria 19%. E o governador de Goiás, Ronaldo Caiado (União Brasil), 11%.
Somados, os números da oposição venceriam no 1º turno

Se houvesse apenar um candidato, Lula seria derrotado | Foto: Reprodução/governador de SP, Tarcísio de Freitas
Ainda aparece na pesquisa na mesma linha de direita o governador de Minas Gerais, Romeu Zema (Novo). E Ciro Gomes (PSDB), que não se declara de direita, mas faz oposição forte hoje a Lula. Toda vez que se questionam os nomes da direita sobre a razão pela qual não se unem na disputa com Lula, a resposta típica é dizer que eles se unirão no 2º turno, porque nenhum eleitor de algum desses candidatos cogitaria votar no atual presidente. Mas o problema que a pesquisa mostra, no caso do DF, é: se houvesse apenas um candidato, em vez de vários, ele venceria Lula no DF no 1º turno. Sem contar Zema e Ciro, os votos em Tarcísio, Michelle e Caiado somariam 53%. Imagine-se o que acontece em estados menos conservadores.
Governador
Tal divisão pode acabar da mesma forma complicando o jogo na eleição para governador. Celina lidera com 26%. Mas Arruda (que vai se filiar ao PSD) vem na cola com 21%. E Izalci Lucas (PL) tem 9%. Aqui, porém, a divisão complica também o jogo da esquerda e centro-esquerda.
Esquerda
Leandro Grass (PT) aparece em terceiro, com 13%. Paula Belmonte (Cidadania) tem 8%. E Ricardo Capelli (PSB) tem 6%. Se esses votos fossem associados, somariam 27%. Estariam à frente de Celina Leão. Divididos, precisarão apostar na divisão também dos adversários.
Ibaneis
Mas quem parece hoje ser o maior prejudicado por conta de toda essa divisão é Ibaneis Rocha. Até há pouco tempo, ele imaginava que eleger Celina governadora e se eleger senador em 2026 seria um passeio tranquilo. A pesquisa do ABC Dados mostra que não será.
Quarto
Ibaneis aparece somente em 4º para o Senado. A corrida é liderada por Michelle, com 26%. Bia Kicis tem 23%. Erika Kokay (PT), 14%. Então, aparece Ibaneis com 10%. Empatado com Leila do Vôlei (PDT), também com 10%. O jogo parece ter complicado para o governador do DF.
*Rudolfo Lago é jornalista do Correio da Manhã / Brasília, foi editor do site Congreso e é diretor da Consultoria Imagem e Credibilidade.
Publicado originalmente no Correio da Manhã.
Foto de capa:Apesar da alta rejeição, Lula lidera no Distrito Federal |Bruno Peres/Agência Brasil




