Por RUDOLFO LAGO*, do Correio da Manhã
O governo construiu uma argumentação para tentar reduzir os danos da recusa do líder do União Brasil, Pedro Lucas (MA), em aceitar o convite para ser ministro das Comunicações. A argumentação, no entanto, acaba jogando no colo da ministra da Secretaria de Relações Institucionais da Presidência, Gleisi Hoffmann, a responsabilidade pelo rolo, embora sem citá-la diretamente. “Alguém andou falando demais e se precipitando”, disse ao Correio Político o líder do governo no Senado, Jaques Wagner (PT-BA). Segundo Wagner, a reunião que houve no dia 10 de abril não teria cravado que Pedro Lucas seria o ministro. “Ele disse que precisava de uns dias para resolver questões internas. Certamente, não conseguiu”, disse Wagner.
Açodamento
O líder foi duro: “É preciso parar com esse tipo de confusão e açodamento”. Bem, quem no dia 10 de abril disse que Pedro Lucas seria o ministro foi Gleisi. Naquele dia, a ministra disse que Lucas precisava de alguns dias, até o feriado da Páscoa, para assumir o Ministério.
Tempo
Na verdade, segundo Jaques Wagner, o que Pedro Lucas teria dito é que precisava de uns dias para resolver as questões internas no União Brasil acerca da sua sucessão na liderança. O União Brasil é um partido fortemente dividido, numa guerra interna em torno do comando.
Sucessão no União chegou a virar caso de polícia
Recusa de Pedro Lucas é parte da briga interna | Foto: Marina Ramos/Câmara dos Deputados
A briga pelo comando do União é tão intensa que chegou a virar caso de polícia. O atual presidente, Antonio Rueda, derrubou do cargo Luciano Bivar. Numa briga tão feia que Rueda chegou a acusar Bivar de ter tocado fogo em um casa de praia de sua propriedade. Bivar nega envolvimento no incêndio, mas a história mostra a que ponto chegou a disputa. O partido é dividido entre os que apoiam o governo Lula e os que querem partir para a oposição. Tanto que o União é a primeira legenda a ter oficialmente um pré-candidato à Presidência em 2026, o governador de Goiás, Ronaldo Caiado. Mas há ainda outras disputas internas de poder.
Indicações
O presidente do Senado, Davi Alcolumbre (AP) era o dono da indicação de Juscelino Filho (MA), que saiu das Comunicações denunciado por desvio no orçamento. Lucas é ligado a Rueda. Mas o presidente do União temeu tirá-lo da liderança e perder o comando da bancada.
Nomes
Mas Alcolumbre é o dono da bola. Tanto que é o padrinho do ministro da Integração, Valdez Góes, seu conterrâneo do Amapá, que nem filiado ao União Brasil é. O presidente do Senado teria indicado agora uma lista com cinco nomes para o Ministério das Comunicações.
Orçamento
Outro problema relacionado à escolha envolve justamente o orçamento que derrubou Juscelino. Alcolumbre é um dos donos da chave dos cofre das emendas. No fim das contas, o União Brasil tem em suas mãos mais dinheiro de emendas que o orçamento do ministério.
Pressa
O presidente interino do PT, senador Humberto Costa (PE), vai na mesma linha de Jaques Wagner. “Acho que confirmaram o que não estava confirmado”, disse ele. A versão, então, livra o União Brasil de responsabilidade na recusa. Mas faz Gleisi pagar de precipitada.
*Rudolfo Lago é jornalista do Correio da Manhã / Brasília, foi editor do site Congreso e é diretor da Consultoria Imagem e Credibilidade
.Publicado originalmente no Correio da Manhã.
Foto de capa: Jaques Wagner critica: “Houve açodamento” |Lula Marques/ Agência Brasil
Respostas de 2
Gleise é limitada…..
Nada de novo sob o sol, homens culpando uma mulher por suas picuinhas e palhaçadas, até derrubá-la, afinal todos sabem que ela é linha dura, que é difícil negociar com mulheres, não tem gracinha, piadinha, e outras coisas que homens toleram e por isso o país não anda.