CORRESPONDENTE POLÍTICO: Gleisi Hoffmann: Entre Declarações e Recuos

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Por RUDOLFO LAGO*, do Correio da Manhã

Quando Gleisi Hoffmann presidia o PT, a batizamos por aqui de “comentarista-geral da República”. Gleisi fazia dezenas de postagens diárias nas suas redes sociais sobre os mais variados temas, sempre de forma ácida e contundente sobre aqueles que elegia como adversários. Gleisi assumiu a Secretaria de Relações Institucionais da Presidência da República. Mas não deixou o posto de comentarista-geral da República. Segue postando muito e falando muito. O problema é que a articulação política do governo – sua função agora – muitas vezes exige que se faça, mas não se fale. Há semanas, acontece na Praça dos Três Poderes uma articulação para encontrar uma saída para a questão da anistia. Gleisi resolveu contar.

Mapa

Ao admitir na semana passada que poderia se discutir o projeto de anistia aos presos do 8 de janeiro, desde que fosse para reduzir penas, garantindo-se que ele não se ampliasse para atingir o ex-presidente Jair Bolsonaro, Gleisi de o mapa completo da negociação.

Silêncio

Uma coisa, porém, eram os poderes avançarem nesse entendimento em silêncio. Outra era desde já seguirem por esse caminho de forma explícita. Porque, a questão envolve sentimentos delicados. O Supremo Tribunal Federal (STF) julga que se tramou um golpe.

Declaração pode ter travado a solução negociada

Quem participou do 8/01 serviu de massa de manobra | Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil

Quem invadiu e depredou os prédios da República no 8 de janeiro de 2023 foi massa de manobra para a articulação desse golpe. É até possível que muitos dos que ali estiveram não tivesse claramente esse plano na cabeça. Entender individualmente suas condutas é necessário. Mas, como disse o ministro Alexandre de Morães, não foi “um domingo no parque”. Fazer essa separação é algo extremamente complexo. Se, por um lado, pode levar à decretação de penas exageradas, por outro, caso se passe pano em tudo, deixará a ideia de que o país é permissivo com tentativas violentas de interrupção da sua democracia. Num país que já foi permissivo.

Impasse

Há neste momento um impasse. O líder do PL na Câmara, Sóstenes Cavalcante (RJ), diz ter conseguido mais de 257 assinaturas de apoio à urgência do projeto de anistia. Se ele obteve essas assinaturas, significa que o projeto já tem a maioria para ser aprovado.

Maioria

Quem assinou o requerimento para a urgência, provavelmente concorda com o seu mérito. É um projeto de lei. Tendo a maioria, é aprovado. Assim, só restaria a Gleisi mesmo, como articuladora, a essa altura negociar os termos do projeto para reduzir os danos.

Articulação

É a articulação que vem tentando o presidente da Câmara, Hugo Motta. Que, a essa altura, já teve conversas no Executivo e no Judiciário. Inclusive, com o ex-presidente Jair Bolsonaro. Mas, enquanto essas conversas não gerassem consenso, a opção era o silêncio.

Discurso

No discurso, todos ficam obrigados a manter por enquanto suas posições. Para não passar a ideia de que estão cedendo. Foi isso que levou à irritação sobre o que disse Gleisi, levando mesmo o decano do STF, o ministro Gilmar Mendes, a reclamar com o presidente Lula.


*Rudolfo Lago é jornalista do Correio da Manhã / Brasília, foi editor do site Congreso e é diretor da Consultoria Imagem e Credibilidade

.Publicado originalmente no Correio da Manhã.

Foto de capa: LGleisi deu o mapa de uma negociação em curso | Fabio Rodrigues-Pozzebom/ Agência Brasil

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Uma resposta

  1. Não tem que haver anistia! Essa questão não carece sequer de maiores e mais profundas discussões. É inconstitucional!
    Os figurões já identificados como os idealizadores da trama não estão pensando na “raia miúda” que está presa. Estão tentando livrar é o ex-presidente e seus asseclas. Anistia para quem nem foi condenado ainda?

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