Por RUDOLFO LAGO*, do Correio da Manhã
Pesquisas trecking realizadas pelo governo foram apresentadas esta semana a ministros no Palácio do Planalto. Elas apontam uma recuperação na popularidade do presidente Luiz Inácio Lula da Silva depois da virada de chave nas redes sociais conseguida nos últimos dias. Treckings são acompanhamentos rotineiros feitos com grupos menores de pessoas para consumo interno. Precisarão ser confirmadas ainda de fato pelas pesquisas oficiais. Mas geraram grande animação no governo. E reanimaram Lula na corrida presidencial. Como o Correio Político mencionara, os seguidos reveses estavam fazendo o presidente considerar não disputar a reeleição para não correr o risco de terminar sua vitoriosa carreira política com uma derrota.
Redes
Os treckings são reflexos do desempenho do governo nas redes sociais depois da decisão de reagir à derrota sofrida no Congresso na questão do IOF. A confrontação fez a esquerda liderar pela primeira vez a batalha das redes, que a direita até então dominava.
Hashtags
Hashtags como “Congresso da Mamata” e “Congresso dos Ricos” passaram ao topo nas redes. Segundo a Quaest, 61% das menções críticas nas redes sociais eram ao Congresso até a quinta-feira (3). Milhões de pessoas foram alcançadas pelas diversas postagens.
Governo avalia ter deixado oposição sem discurso
Hugo Motta admite cortar nas emendas | Foto: Lula Marques/Agência Brasil
Após a análise dos treckings, a avaliação no governo é que o movimento nas redes tinha acuado a oposição no Congresso. Que se viu desnorteada e momentaneamente sem discurso. Até então, toda negociação dura que o governo fazia com o Congresso ajudava a resultar numa onda de desgaste. Que fazia a oposição repetir os bordões de que o governo não seria austero, não saberia cortar gastos, repetindo que “a conta não fecha”. Neste momento, o governo teria conseguido reverter para o Congresso a responsabilidade de apontar onde cortar gastos e fazer com que a conta feche. A “mamata” agora estaria na conta do Congresso.
Emendas
O golpe foi tão sentido que o presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), já admitia na sexta-feira (4) cortar nos próprios R$ 50 bilhões de emendas parlamentares, até então consideradas intocáveis por quem mandava o governo cortar programas sociais.
Social
No governo, há quem avalie que os movimentos a partir da derrota no IOF teriam voltado a fazer parte da população temer pela perda dos programas sociais. Até então, consolidara-se na população a impressão de o Bolsa-Família já tinha virado política de Estado.
Risco
De fato, virou, depois que se viu que mesmo Jair Bolsonaro, que o criticava, o manteve. Mas reforçou-se agora a impressão de que os programas sociais não são intocáveis. Há como colocá-los em risco. E a hipótese desse risco passa pelo comportamento do Congresso.
Congresso
Se há um Congresso que não abre dos R$ 50 bi de emendas e que aumenta seus próprios gastos com a história do maior número de deputados, isso significa que cortes acabarão tendo que ser feitos pelo governo em outras áreas. Que poderão ser saúde, educação e o social.
*Rudolfo Lago é jornalista do Correio da Manhã / Brasília, foi editor do site Congreso e é diretor da Consultoria Imagem e Credibilidade.
Publicado originalmente no Correio da Manhã.
Foto de capa: Virada nas redes sociais deixou Lula animado | Marcelo Camargo/Agência Brasil
Respostas de 2
Que institutos de pesquisas “oficiais”? O Oficial é o do Governo do Brasil, não os de empresa privada, que são comprados.
#congressoinimigodopovo