Por RUDOLFO LAGO*, do Correio da Manhã
As movimentações que pretendem lançar Ciro Gomes como opção para o governo do estado em 2026 deixaram assustados os aliados do governador do Ceará, Elmano de Freitas (PT). Ciro planeja uma nova volta na montanha-russa da sua vida política. Ciro bateu o fundo quando ficou em quarto lugar nas eleições presidenciais de 2022. Foi o seu pior desempenho como presidenciável, perdendo para a atual ministra do Planejamento, Simone Tebet (MDB), que ficou em terceiro. Teve somente pouco mais de 3% dos votos. Depois disso, brigou com os irmãos, viu o senador Cid Gomes deixar o PDT e rumar para o PSB para continuar apoiando o governo Lula. Agora, é o próprio Ciro que estaria prestes a deixar o PDT num retorno ao PSDB.
Centro-direita
Ou, numa outra hipótese, o União Brasil, agora em federação com o PP. Ciro poderia ser um candidato à centro-direita contra Elmano em 2026. E, pelas reações no grupo de Elmano, avalia-se que, no Ceará, ele ainda teria a força que perdeu nacionalmente.
Camilo
Segundo um interlocutor do grupo do governador, as movimentações de Ciro teriam mesmo levado Elmano de Freitas a considerar não disputar a reeleição. No caso, para disputar com Ciro, o ministro da Educação, Camilo Santana, poderia deixar o cargo para enfrentá-lo.
Ciro encontrou-se com líderes da Federação Progressista

Camilo poderia deixar ministério para enfrentar Ciro | Foto: Antonio Cruz/Agência Brasil
Ciro estava na terça-feira (19) em Brasília. Dia em que e Federação Progressista, que une União Brasil e PP, fazia a sua convenção. Reuniu-se com os líderes dos dois partidos. Seja seu destino o PSDB ou a federação, a ideia é que as legendas se unam em torno da sua candidatura. Capitão Wagner, do União, foi o segundo colocado na eleição para governador em 2022. Não se sabe se o acerto incluiria também o PL. Ciro, em princípio, é adversário do principal líder do partido no estado, André Fernandes. O grupo de Elmano, porém, teme de fato essa união, que deixaria como força aliada do PT importante o MDB do deputado Eunício Oliveira.
CPMI
Às vésperas da instalação da CPMI do INSS, líderes do governo apostavam que a situação da investigação deverá ficar sob controle. Especialmente se confirmados os nomes do senador Omar Aziz (PSD-AM) e Ricardo Ayres (Republicanos-TO) como presidente e relator.
Aliados
Aziz é um aliado do governo. E já revelou, avalia-se, pulso na CPI da Covid para evitar que a oposição domine a investigação. E Ayres também teria, apesar de filiado ao Republicanos, bom trânsito com o líder do governo na Câmara, José Guimarães (PT-CE).
MST
As possibilidades da CPMI do INSS estão sendo comparadas às da CPI do MST. Na ocasião, a oposição armou-se apostando em um grande desgaste para o governo. Ao final, não conseguiu número para aprovar o relatório do deputado Ricardo Salles (PL-SP).
Salles
Ex-ministro do Meio Ambiente de Bolsonaro, Salles pedia 11 indiciamentos. A CPI, porém, acabou sem relatório aprovado. O governo aposta que cenário semelhante pode acontecer agora, quando já houve o ressarcimento de mais de R$ 1 bilhão às vítimas.
*Rudolfo Lago é jornalista do Correio da Manhã / Brasília, foi editor do site Congreso e é diretor da Consultoria Imagem e Credibilidade.
Publicado originalmente no Correio da Manhã.
Foto de capa: Ciro articula seu retorno político no Ceará | Divulgação




