CORRESPONDENTE POLÍTICO: A ressaca da oposição depois da prisão

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Por RUDOLFO LAGO*, do Correio da Manhã

Segundo um interlocutor, o presidente do PL, Valdemar Costa Neto, começou a semana nesta segunda-feira (24) irritadíssimo. Com o ex-presidente Jair Bolsonaro e com seus filhos, especialmente, neste momento, Eduardo e Flávio. Valdemar comentava como a família Bolsonaro o tempo todo compra a corda para ela mesma se enforcar. O presidente do PL não conseguia compreender o que se passara na cabeça de Bolsonaro ao meter, nas suas próprias palavras, “um ferro quente” na caixa da sua tornozeleira eletrônica. Não conseguia imaginar àquela altura o que era pior: uma confissão de culpa sobre a violação do aparelho ou a versão posterior a respeito do surto psicótico. Nos dois casos, há uma sensação de enorme prejuízo político.

Hipóteses

Numa hipótese, ele admitiria o descumprimento das medidas cautelares impostas a ele. Na outra, revelou uma fragilidade mental que pode vir a comprometer a sua força como referência política. Especialmente junto àqueles que não são bolsonaristas radicais.

Aval

Abre-se nos bastidores uma discussão quanto à importância, a essa altura, do aval de Bolsonaro a quem for o candidato da direita em 2026. E até mesmo se ainda será possível. Visitas que poderiam acontecer na sede da Polícia Federal provavelmente serão proibidas.

Ferro de solda gera calor que pode chegar a 500º Celsius

Publicamente, o PL e os aliados de Bolsonaro apostarão na versão do surto. Mas consideram que somente um agravamento da saúde do ex-presidente poderia mesmo provocar uma grande comoção na sociedade. Bolsonaro manipulou muito próximo à sua perna um aparelho cujo calor produzido vai de 200º a até 500º Celsius. Se o ferro de solda tivesse encostado na pele do ex-presidente, produziria uma queimadura gravíssima. Bolsonaro derreteu a caixa por toda a sua extensão. Não parece algo que se faria durante um surto. Por outro lado, também não parece algo que alguém fizesse em seu juízo perfeito.

Cloroquina

Há uma preocupação de que os adversários de Bolsonaro venham a explorar que tal fragilidade psicológica não seria fruto de um momento. Em plena pandemia de covid-19, Bolsonaro correu no Alvorada perseguindo uma ema com uma caixa de cloroquina.

Vídeo

Dois dias depois do 8 de janeiro de 2023, Bolsonaro postou um vídeo atacando as urnas eletrônicas, e depois apagou. Na ocasião, também alegou que fizera a postagem sob efeito de medicamentos que lhe teriam sido ministrados quando se internou em um hospital.

Fragilidade

Até que ponto, portanto, a exposição de uma fragilidade na saúde despertará comoção? Até que ponto ela pode ultrapassar o efeito desejado? Até que ponto o que acontece não é consequência das próprias ações impensadas perpetradas por Bolsonaro e sua família?

Sem aval

Há quem, diante do quadro, comece a pregar alternativa sem o aval de Bolsonaro. Baseia-se na última pesquisa Quaest. Perguntou-se qual seria o melhor resultado eleitoral em 2026. Somando quem disse “Nem Lula nem Bolsonaro” e “Alguém fora da política”, dá 41%.


*Rudolfo Lago é jornalista do Correio da Manhã / Brasília, foi editor do site Congreso e é diretor da Consultoria Imagem e Credibilidade.

Publicado originalmente no Correio da Manhã.

Foto de capa: Pablo Porciuncula/AFP

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Respostas de 2

  1. Continuar batendo na mesma tecla de “nem Lula nem Bolsonaro” e uma amostra da” confusão” proposital que o autor do texto quer deixar pairando no ar.
    O que tem haver, as presepadas da família do condenado, com a eleição de 2026?
    Continuar querendo comparar um golpista comprovado, com um democrata, e uma demostração muito grande de desonestidade intelectual.

  2. Bolsonaro não agiu sozinho, dada o risco que corria se manipulasse o ferro de solda e a caixa da tornozeleira ao mesmo tempo. Ele, Bolsonaro, disse que todos dormiam durante a ação, o que, convenhamos, não dá para acreditar. Que o fez, sabia fazer uso do aparelho e deve ter as digitais na peça. O fato é que o plano de fuga foi arquitetado por um desmiolado e só podia dar no que deu.

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