Conservadorismo no Brasil recua em 2025, mas ainda domina valores sociais, aponta Ipsos-Ipec

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Leve recuo do conservadorismo - Imagem gerada por IA ChatGPT

Da REDAÇÃO

Levantamentos recentes apontam uma mudança sutil no perfil ideológico da sociedade brasileira. O Índice de Conservadorismo Brasileiro 2025, elaborado pelo Ipsos-Ipec, indica um leve recuo no conservadorismo, com o índice caindo de 0,665 em 2023 para 0,652 em 2025. Os dados mostram que os valores tradicionais ainda têm forte presença no imaginário coletivo.

Conservadorismo persiste, mesmo com pequenas mudanças

Segundo o Ipsos, 49% da população apresenta alto grau de conservadorismo, enquanto 44% têm perfil considerado médio e apenas 8% se encaixam no campo progressista. Entre os temas pesquisados, há alto apoio a medidas punitivistas como prisão perpétua para crimes hediondos (72%) e redução da maioridade penal (65%). A pena de morte, por outro lado, passou a ter mais oposição do que apoio, refletindo uma mudança em relação a anos anteriores.

Em pautas sociais, o apoio ao casamento entre pessoas do mesmo sexo caiu para 36% e apenas 16% são favoráveis à legalização do aborto. Esse recuo evidencia que, embora haja desejo por “lei dura” no combate ao crime, a sociedade ainda é conservadora quanto às liberdades individuais.

Mulheres e idosos impulsionam recuo no conservadorismo

A pesquisa mostra que o recuo no conservadorismo foi liderado por mulheres, pessoas idosas, com menor escolaridade e renda mais baixa. Esses grupos demonstraram maior abertura a pautas progressistas, embora a adesão ainda seja minoritária. Essa dinâmica indica que há espaço para avanços culturais, mas não de forma homogênea ou acelerada.

Economia molda prioridades cotidianas

Outro estudo relevante, a pesquisa Radar FEBRABAN/Ipespe 2025, reforça que a economia é o eixo central das preocupações da população. A inflação e o custo de vida são os principais problemas apontados por 83% dos entrevistados. Alimentos, combustíveis e medicamentos lideram a lista de gastos que mais impactam o orçamento.

Mesmo assim, 70% relatam estar satisfeitos com a vida pessoal e familiar, o que sugere uma dissociação entre bem-estar individual e percepção sobre o país.

Desigualdade regional e valores em disputa

O Índice de Progresso Social (IPS Brasil 2025) aponta fragilidades persistentes em indicadores como direitos individuais, inclusão social e educação superior, especialmente nas regiões Norte e Nordeste. Nessas áreas, a ausência do Estado é compensada por redes de apoio oferecidas, por exemplo, por igrejas evangélicas, que crescem nesses territórios com discursos morais e forte apelo comunitário.

Esse crescimento vem acompanhado de um aumento de casos de intolerância religiosa. Em 2024, foram registrados 3.853 incidentes, um salto de mais de 80% em relação ao ano anterior, com maior impacto sobre religiões de matriz africana.

Caminhos para a disputa de valores no Brasil

Os dados apontam que a construção de uma agenda democrática e soberanista no Brasil precisa considerar três frentes: conectar pautas culturais ao cotidiano econômico, criar linguagens simbólicas que dialoguem com a moral popular e atuar diretamente nos territórios com menor presença do Estado. Sem isso, as ideias progressistas tendem a seguir restritas a nichos e classes mais escolarizadas.

Acesse aqui o pdf com a íntegra da pesquisa Ipos-Ipec: Índice de conservadorismo brasileiro – Julho 2025

Ilustração da capa: Leve recuo do conservadorismo – Imagem gerada por IA ChatGPT


Tags:

conservadorismo, progressismo, ipsos, ipespe, febraban, aborto, casamento homoafetivo, evangélicos, intolerância religiosa, inflação, valores sociais, Brasil 2025

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