Cenário de Incertezas

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Por ANGELO CAVALCANTE*

Na segunda-feira (28) o próprio governo brasileiro reconheceu da efetiva impossibilidade de renegociar o “cinquentaço” de Donald Trump contra produtos brasileiros e destinados aos Estados Unidos.

Isso é algo grave!

O presidente Lula, atento e observador, havia nomeado Geraldo Alckmin, Vice-Presidente da República e Ministro do Desenvolvimento, da Indústria e Comércio Exterior, para as tratativas com Howard Lutnick, o mega-bilionário e todo-poderoso Secretário de Comércio dos Estados Unidos.

Nada feito e um muito pragmático e auto-suficiente Lutnick, não por menos, anunciou ainda no dia de hoje que as exorbitantes taxas e destinadas ao Brasil passarão a valer plena e integralmente apartir dessa 6ª feira , primeiro de agosto.

Como era esperado, um notório clima de tensão envolve desde as indústrias brasileiras e seu sem-número de trabalhadores e fornecedores até ao imenso conjunto de empresas importadoras de produtos do Brasil e situadas nos Estados Unidos.

Estudo da Confederação Nacional da Indústria (CNI) revela que existem negócios brasileiros e de alta inversão para mais de vinte estados dos EUA.

Para Elias Jabbur (UERJ), um muito atualizado geógrafo-economista, o presidente americano deu um “tiro no pé!”.

Procede… A sentença de Jabbur é reforçada, por exemplo, por dados robustos e verificados da mesma CNI e que citam:

  1. As exportações brasileiras para os EUA são muito importantes para a economia nacional; apenas para o ano de 2024, a cada R$ 1 bilhão exportado para o mercado americano foram gerados 24,3 mil empregos no Brasil;
  2. Isso representa R$ 531,8 milhões em massa salarial e 3,2 bilhões em produção no Brasil;
  3. O Brasil tem abastecido os Estados Unidos ano após ano; esse país foi, na última década, o principal destino das exportações da indústria de transformação brasileira;
  4. Nesse sentido, a última década implicou também e, em média, 82% das exportações brasileiras para os EUA e 90,3% das importações do parceiro do norte;
  5. A tarifa média aplicada pelo Brasil para produtos americanos é baixa, de 2,7%;
  6. Nesse sentido, mais de 70% do valor importado pelo Brasil está isento de impostos de importação, beneficiando bens estratégicos como petróleo, aviação e fertilizantes;
  7. Os EUA são o principal investidor no Brasil e, do mesmo modo, o principal destino dos investimentos brasileiros no exterior, com marcada presença de empresas atuando bilateralmente.

Bom…

…Esses números não se deram por passe de mágicas, não caíram do céu e, diferentemente do que se possa pensar, representam, vejam bem, mais de duzentos anos de relações diplomáticas e comerciais; é o próprio amadurecimento inter – nacional e que logrou um benfazejo e fluido quadro de trocas econômicas a beneficiar os países em questão.

E agora… Toda essa secular construção corre sérios riscos.

Jabbur tem razão! Tremendo tiro no pé do “Pato Louco”!


*Angelo Cavalcante é economista, professor da Universidade Estadual de Goiás (UEG), Itumbiara.

Foto de capa: A quatro dias do início do tarifaço ao Brasil, entenda como seria possível barrar sobretaxas sem ceder à chantagem de Trump | Reprodução/TV Globo

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Uma resposta

  1. Bobagem, o Trump já recuou! Isso é praticamente uma fake News mais elaborada, causando incertezas na população com esse discursinho!!

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