Celso de Mello critica revogação de vistos por Trump e pede punição aos “quislings” que conspiram contra o Brasil

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Ministro Celso de Mello durante sessão plenária do STF. Foto: Rosinei Coutinho/SCO/STF

Da REDAÇÃO

O ministro aposentado do Supremo Tribunal Federal (STF), José Celso de Mello Filho, classificou como “extremamente arbitrária” e “gravíssimo ataque à democracia brasileira” a decisão do governo do ex-presidente Donald Trump de revogar os vistos de oito ministros do STF, seus familiares e do procurador‑geral da República.

Em carta dirigida aos magistrados, Celso de Mello lamentou o episódio como uma ofensiva motivada por razões falsas, e também destacou o contexto de retaliações econômicas, como tarifas de até 50% sobre exportações brasileiras, que fazem parte de um pacote que “não se trata de mera questão econômico‑tarifária, mas, isso sim, de delibera­do (e gravíssimo) ataque à democracia brasileira”.

“Ataque à soberania e dignidade”

O ex-ministro responsabilizou o governo americano por um ato “destituído de veracidade (mendaz)” e que viola tratados internacionais, incluindo os princípios da Carta da ONU e da Convenção de Viena sobre o Direito dos Tratados. Ele criticou o ex-presidente Trump como um dirigente “despojado dos atributos mínimos de estadista” e com “menosprezo pela dignidade de outros povos”.

Identificação e punição aos “quislings”

Nas palavras de Celso de Mello, “torna‑se necessário identificar, expor e punir, nos termos da lei e respeitado o direito ao ‘due process of law’, os ‘quislings’ nacionais que… conspiram contra os superiores interesses do Brasil e do seu povo… com o sórdido (e traiçoeiro) objetivo de submeter nossa pátria ao domínio de potestades estrangeiras”.

O termo “quislings” faz referência histórica a Vidkun Quisling, primeiro-ministro da Noruega durante a ocupação nazista, símbolo de traição nacional.

Repercussões e cenário político

A devolução de vistos afeta importantes figuras do STF – entre elas Alexandre de Moraes, Luís Roberto Barroso, Cármen Lúcia e Edson Fachin – e se deu em meio a tensão crescente entre Brasil e EUA, marcada por operações da PF contra aliados de Bolsonaro e possíveis sanções comerciais.

A posição dura de Celso de Mello ecoa entre setores do Judiciário e da sociedade civil, reforçando a importância de defender a soberania nacional diante de pressões externas, sobretudo quando associadas a interesses da extrema‑direita internacional e de “big techs”.


Trechos da carta de Celso de Mello

“Extremamente arbitrário o ato de ‘revogação’ dos vistos dos Ministros do STF e de seus familiares diretos, praticado pelo governo Trump, sob o falso pretexto de ‘perseguição e censura’… — mais do que uma ofensa sem causa… desrespeita, profundamente, o nosso País e a dignidade do povo brasileiro!”

“Não se trata de mera questão econômico‑tarifária, mas, isso sim, de deliberado (e gravíssimo) ataque à democracia brasileira e a suas Instituições… em verdadeira e acintosa coordenação com as ‘big techs’…”

“Mais do que nunca… torna‑se necessário identificar, expor e punir, nos termos da lei… os ‘quislings’ nacionais que… conspiram… com o sórdido… objetivo de submeter nossa pátria… ao domínio de potestades estrangeiras…”


O pronunciamento de Celso de Mello reforça o alerta contra interferências externas na autonomia das instituições brasileiras. Ao qualificar aliados de Bolsonaro como “quislings” e clamar por responsabilização legal, o decano aposentado chama atenção para a gravidade dessas alianças e seus riscos à democracia e soberania.


Foto da capa: Ministro Celso de Mello durante sessão plenária do STF. Foto: Rosinei Coutinho/SCO/STF


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Celso de Mello, STF, Trump, vistos, democracia, soberania, quislings, carta, ataque à democracia


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Uma resposta

  1. O ministro está corretíssimo! Expressou com a maestria que lhe é característica a gravidade do quadro que ora vivenciamos e que coloca despidos os auto proclamados “patriotas”.
    Tudo muito grave! Tudo muito perigoso e urgente em termos de necessidade de freio.

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