Campanha de Bolsonaro à reeleição provoca rombo nas contas da Caixa, revela reportagem

Em 2022, o então presidente Jair Bolsonaro usou a Caixa Econômica Federal para conseguir votos da parcela mais pobre da população. Duas linhas de créditos lançadas antes e durante as Eleições de 2022 provocaram um calote bilionário nas contas do banco conforme revelado pela reportagem do UOL.

Ao ver que estava atrás nas pesquisas de intenção de votos entre os mais pobres, Jair Bolsonaro recorreu a Pedro Guimarães, presidente da Caixa, para alavancar sua popularidade. Assim, foram criadas duas linhas de crédito em 2022.

SIM Digital

A primeira foi disponibilizada em março. Uma linha de microcrédito com juros baixos para pessoas negativadas chamada SIM Digital foi aberta. O programa emprestava de R$ 300 a R$ 1.000, inclusive para quem tinha dívidas de até R$ 3.000.

Qualquer banco podia participar, mas a Caixa foi a única a assumir o risco da operação. Resultado: foram emprestados R$ 1,3 bilhão só no primeiro mês. Além disso, cinco de cada seis pessoas que fizeram o empréstimo tinha o nome sujo.

De acordo com a reportagem, a expectativa do presidente da Caixa era de emprestar R$ 10 bilhões, mas isso dependia do retorno do dinheiro com o pagamento das parcelas. Mas não foi o que aconteceu. Já nos primeiro meses o número de atrasos era muito alto.

Um ano depois, a cada R$ 1.000 emprestados, R$ 800 não foram pagos, considerando 80% de inadimplência, segundo a reportagem. Para pagar o rombo, serão usados em torno de R$ 1,8 bilhão do Fundo de Garantia por Tempo de Serviço (FGTS) e R$ 600 milhões da Caixa se a taxa de inadimplência for mantida.

A linha de microcrédito foi interrompida após o escândalo dos casos de assédio sexual cometidos por Pedro Guimarães e pelo ambiente de trabalho tóxico da empresa. Porém, o encerramento não foi anunciado ao público, constando ainda no site a possibilidade de negativados pediram empréstimo pelo SIM Digital.

Auxílio Brasil

A segunda linha de crédito usada pelo governo Bolsonaro e pela Caixa na tentativa de conquistar votos foi a do consignado do Auxílio Brasil. A regulamentação do novo programa foi concluída em 26 setembro, vésperas do primeiro turno das Eleições de 2022.

Assim como no SIM Digital, outros bancos poderiam fazer a operação. Mas somente pequenas instituições entraram, fazendo com que a a Caixa concentrasse 80% dos créditos disponibilizados.

O consignado, também a juros baixos, começou a ser autorizado no dia 10 de outubro. Foram depositados R$ 6,851 bilhões para os beneficiados do Auxílio Brasil que solicitaram a linha crédito até o dia 30 de outubro, domingo de eleição.

Nos dias 31 de outubro e 1° de novembro, a Caixa liberou mais R$ 744 milhões para pagar os créditos solicitados na semana anterior em razão do processamento dos pedidos. Segundo o UOL, foram em médio R$ 447 milhões por dia útil.

Estes valores representam 99% das concessões do consignado, totalizando R$7,595 bilhões para 2,8 milhões pessoas conforme revelado em fevereiro. O outro 1%, correspondendo a R$ 67 milhões para 53 mil pessoas, foi liberado após as eleições até o final de 2022.

Com o novo governo, 110 mil pessoas perderam o benefício por irregularidades no registro, deixando em aberto o futuro do pagamento das parcelas que devem.

Rombo

Para cumprir com o prometido, a Caixa precisou reduzir seus ativos de alta liquidez, que é a quantidade de dinheiro mínima que o Banco Central obriga as instituições bancárias a terem disponível para evitar quebra.

No final de 2022, os ativos de alta liquidez do banco chegaram a R$ 162 bilhões, um redução de R$ 70 bilhões em relação ao ano de 2021. Este foi o menor nível registrado desde o início da série histórica em 2017.


Foto: Isac Nóbrega/PR.

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