Em 2021, o então presidente Jair Bolsonaro fez um exame de covid-19 após participar de um ato com apoiadores em Brasília e teria determinado sigilo sobre o caso. O assunto está presente em uma troca de mensagens entre dois assessores do gabinete de Bolsonaro. As informações foram obtidas através de perícia e divulgadas pela Folha de S. Paulo.
Nas mensagens entre o ajudante de ordens de Bolsonaro durante seu mandato, tenente-coronel Mauro Cid, e o chefe do gabinete pessoal da Presidência na época, Célio Faria, conversam sobre o estado de saúde de Bolsonaro. No dia 15 de maio de 2021, quando participou sem máscara de uma aglomeração com apoiadores em Brasília, o ex-presidente apresentou sintomas da doença.
“No exame comparativo, ele está com o pulmão com 10% comprometido. Mas está bem… dormiu a noite toda, das 21h às 5h30. Oxigenação 97! [médico Marcelo] Zeitoune acha que é COVID… Pr [presidente] não quer fazer exame”, escreve Mauro Cid para Célio Faria.
Em seguida, Faria responde. “O laudo médico do HFA foi colocado no sistema… Pr vai fazer o exame para evitar vazamento. Pediu reserva absoluta. Não quer divulgar que vai fazer o exame. Só se vazar o laudo”. A sigla HFA se refere ao Hospital das Forças Armadas.
Mais tarde no mesmo dia, Cid enviou uma nova mensagem, informando que o exame de covid de Bolsonaro, feito no dia 16, deu negativo.
A conversa foi obtida através de perícia realizado no celular do tenente-coronel Mauro Cid, investigado em inquéritos da Polícia Federal (PF). A quebra do sigilo telefônico foi autorizada pelo ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF).
Nova aglomeração e cloroquina
No dia seguinte do exame, dia 17, Bolsonaro voltou a reunir com apoiadores, desta vez, no cercadinho do Palácio do Planalto, e criticou as medidas sanitárias recomendadas pelos órgãos nacionais e internacionais de saúde.
Em uma live três dias depois, o ex-presidente falou que tomou cloroquina quando teve os sintomas de covid, antes de fazer os exames, e que se sentiu melhor com isso. “Tomei, fiz exame, não estava [infectado]. Mas, por precaução, tomei. Qual o problema? Eu vou esperar sentir falta de ar para procurar um hospital?” afirmou durante a transmissão.
Morte de assessor
Além do caso de Bolsonaro, Mauro Cid e Célio Faria conversaram sobre o falecimento de um ajudante de ordens por covid em março de 2021. De acordo com a reportagem, eles falaram sobre a morte, o velório e a cremação.
A informação sobre a morte do ajudante de ordens foi revelado pelo site O Antagonista mais de dez dias depois do ocorrido.
Foto: Isac Nóbrega/PR
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