O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) confirmou em depoimento à Polícia Federal, na tarde desta quarta-feira (12), que se reuniu com Marcos do Val (Podemos-ES). Mas negou manter vínculos com o senador e ter participado do suposto plano para gravar o ministro Alexandre de Moraes, do STF (Supremo Tribunal Federal).
Com duração de aproximadamente 35 minutos, o ex-presidente ingressou na sede da PF em Brasília pela porta dos fundos, sem falar com a imprensa. Ao sair, teve uma breve conversa com os jornalistas.
Este foi o quarto depoimento prestado por ele desde que deixou o Palácio do Planalto, o que Bolsonaro classificou como algo que parece programado para constrangê-lo.
“Nada foi tratado [na reunião], não tinha nenhum plano, naquela reunião de aproximadamente 20 minutos, para alguém gravar o ministro Alexandre de Moraes. Por que eu ia articular alguma coisa com o senador? O que tratou a reunião? Nada”, disse o ex-presidente.
Questionado sobre o que então foi tratado na ocasião, Bolsonaro disse que o que “tirou” da reunião foi que “o Daniel Silveira queria que o Marcos do Val falasse alguma coisa, [mas] ele também não falou nada”.
Segundo ele, a reunião foi marcada porque “existia um namoro naquele momento” para filiar senadores para o PL. Também afirmou que não foi sequer mencionado o nome do ministro Alexandre de Moraes.
Após a reunião, Marcos do Val mandou uma mensagem a Moraes, afirmando que Daniel Silveira estaria “fazendo toda uma movimentação para levá-lo à perda de função de ministro e até ser preso”.
“O PR [presidente da República] não está fazendo nenhum movimento neste sentido. O DS [Daniel Silveira] que está tentando convencê-lo”, disse Do Val.
Ele gravou a tela com a mensagem e a encaminhou a Bolsonaro, que respondeu: “Coisa de maluco”.
Indagado se não pensou em denunciar Do Val, o ex-presidente disse após o depoimento: “Isso é coisa de maluco, não vou denunciar ninguém”.
As falas de Do Val fazem parte das investigações que apuram a participação de Bolsonaro no plano golpista que terminou nos ataques aos prédios de STF, Planalto e Congresso em 8 de janeiro.
Foto: Valter Campanato/Agência Brasil