Berta Loran, sobrevivente do Holocausto e ícone do humor brasileiro, morre aos 99 anos

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A atriz e comediante Berta Loran morreu na madrugada desta segunda-feira, dia 29, aos 99 anos. Ela estava internada em um hospital particular no Rio de Janeiro, mas a causa da morte não foi divulgada.

Nascida como Basza Ajs em Varsóvia, na Polônia, ela ficou conhecida por sua versatilidade no humor e pela trajetória marcada por superação, longevidade artística e compromisso com sua identidade.

Uma vida marcada pela história e pelo talento

Berta veio ao Brasil ainda criança, fugindo do regime nazista. Em 1939, com apenas 13 anos, integrou sua família numa migração forçada que muitos judeus poloneses fizeram para escapar dos horrores da Segunda Guerra Mundial. Em terras brasileiras, adotou o nome artístico Berta Loran e construiu uma carreira que atravessou sete décadas.

No Brasil, destacou-se no rádio, teatro, cinema e especialmente na televisão. Segundo o perfil da Memória Globo, ela estimou ter vivido mais de 2.000 personagens entre televisão e teatro, sempre com domínio do timing cômico e uma capacidade de reinventar-se.

Personagens inesquecíveis

Entre os papéis mais lembrados estão:

  • Manuela D’Além-Mar, a portuguesa afetada, na Escolinha do Professor Raimundo;
  • Frosina, empregada carismática na novela Amor com Amor se Paga.

Berta também trabalhou em inúmeros programas de humor — Balança Mas Não Cai, Planeta dos Homens, Faça Humor, Não Faça Guerra, Zorra Total, entre outros — sempre transitando entre esquetes, paródias e humor televisivo de massa.

No cinema, atuou em filmes como Sinfonia Carioca (1955), Papai Fanfarrão, Garotas e Samba, e também em produções mais recentes como Polaroides Urbanas (2008), de Miguel Falabella.

Vida pessoal e identidade

Berta casou-se pela primeira vez em 1946 com o ator Suchar Handfuss, 30 anos mais velho. O relacionamento durou até 1957, período em que ela viveu entre Brasil, Argentina e Portugal se consolidando artisticamente. Posteriormente, casou-se com Júlio Marcos Jacoba (anos 1960 a 1988) e, mais tarde, com o cantor Paulo de Carvalho (1990 a 2016). Desde 2017, estava casada com o ator Claudionor Vergueiro até sua morte.

Ela revelou que carregou as marcas de escolhas pessoais difíceis: optou por interromper duas gravidezes no primeiro casamento por não se sentir capaz de sustentar o filho sob aquelas circunstâncias.

Reconhecimento, legado e últimos anos

Apesar de estar afastada da mídia nos últimos anos, sua carreira lhe rendeu inúmeras homenagens no teatro e televisão, e sua história figura em acervos culturais. Em suas entrevistas ao longo da vida, ela falava sobre as origens do seu humor — contando que subiu ao palco ainda adolescente, improvisando uma performance que arrancou risadas e a motivou a persistir no caminho artístico.

Berta Loran representa uma ponte entre gerações: ao mesmo tempo que foi parte de uma diáspora judaica marcada por tragédias globais, tornou-se símbolo nacional de leveza, resiliência e reinvenção artística. Sua longevidade no humor e na televisão reforça que talento e autenticidade têm potência duradoura.

Foto destacada: Reprodução do Facebook de Berta Loran.

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