Alta de tarifa nos EUA ameaça exportações de carne bovina do Brasil

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Da REDAÇÃO*

As exportações de carne bovina do Brasil para os Estados Unidos podem sofrer forte retração após o anúncio do ex-presidente Donald Trump de elevar a tarifa de importação do produto para 50% a partir de 1º de agosto. A medida surpreendeu o setor e coloca em risco a competitividade da carne brasileira no segundo maior mercado internacional do país.

Mesmo com a imposição de uma tarifa extra de 10% em abril, o Brasil vinha batendo recordes de vendas para os EUA — foram 163 mil toneladas entre janeiro e maio, o maior volume desde o início da série histórica do Ministério da Agricultura, em 1997. A alta procura se deu principalmente por conta da escassez de gado nos EUA, que elevou o preço da carne local a níveis históricos.

Agora, com a tarifa total podendo chegar a 76,4% — somando os 50% anunciados com os 26,4% que já incidiam sobre o volume fora da cota — frigoríficos brasileiros já consideram as exportações ao país “inviáveis”.

Impacto para o setor e redirecionamento de mercados

Segundo analistas, o impacto não será desprezível. Os Estados Unidos compram 15% da carne bovina exportada pelo Brasil, ficando atrás apenas da China, que representa quase metade das vendas externas. Para evitar prejuízos, a expectativa é que as empresas direcionem a produção para outros mercados, especialmente da Ásia.

“O setor deve buscar compensações no mercado asiático, onde há espaço para crescimento”, afirma Fernando Enrique Iglesias, analista da consultoria Safras & Mercado. Ele lembra que a Associação Brasileira da Indústria de Carnes (Abiec) já abriu um escritório na China, e que o Vietnã retomou recentemente as compras da carne brasileira.

Além disso, há expectativa de avanço nas negociações com países que ainda não importam carne do Brasil, como Japão e Coreia do Sul.

Diferenças no mercado americano

A carne brasileira não compete diretamente com a australiana, principal fornecedora dos EUA, porque atende segmentos diferentes: o Brasil vende para a indústria, enquanto a Austrália abastece supermercados. Ainda assim, com o aumento da tarifa, o produto nacional perde sua principal vantagem: o preço.

“A carne brasileira era a mais barata no mercado externo. Agora, com 76,4% de imposto, ela perde totalmente a competitividade”, explica o analista Carlos Cogo.

Incertezas e espera por negociações

O setor ainda aguarda detalhes sobre como será aplicada a nova tarifa: se sobre o excedente da cota livre de impostos (65 mil toneladas anuais) ou sobre toda a carne exportada. Enquanto isso, frigoríficos estão paralisando operações para os EUA e aguardando possível reavaliação da medida.

“A nova tarifa inviabiliza totalmente nossa exportação para lá. Muitos frigoríficos estão fora das compras, esperando alguma resolução”, diz Rafael Gonçalves, da Scot Consultoria.

Mesmo diante da incerteza, o setor aposta na diversificação de mercados e na capacidade de adaptação da indústria brasileira para reduzir os efeitos da medida norte-americana.


Foto de capa: EUA são o segundo maior comprador de carne do Brasil, depois da China. | Tiago Ghizoni/ NSC /Arquivo

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