Livros: Ilusões e a urgência de encarar a realidade

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Por ADELI SELL*

Nove questões importantes sobre livros, importantes para pensar, refletir e agir. Venha comigo nesta viagem:

Livro físico ou digital?

É uma discussão inútil. Tem lugar para uma e outra forma. As duas dependem de suportes, como distribuição e venda. Ou não?

Editoras?

Estamos carentes de editoras raiz, isto é, que tenham a verdadeira vocação da edição e de lidar com Cultura. O problema que nas redes pululam “empresas” caça níqueis, cujos donos tem o brilho de cifrões nos olhos. As grandes editoras não têm quaisquer interesses nos iniciantes, em escritores das periferias. E tem aqueles que publicam tudo se for do seu nicho de interesse. No Rio Grande do Sul surgiram pequenas e corajosas editoras. Louvo cada uma delas e seus empreendedores, pois não é tarefa fácil tocar este negócio. Edições de autor têm sido muito comuns. Porém, o autor sente a necessidade de uma marca/selo, pois o próprio leitor tem sempre um olhar “para quem edita”. É assim!

Livrarias?

Abrem-se muitas e pequenas, o que é louvável. Mas fecham algumas tradicionais, como vimos com grandes sebos locais, restringindo compras na Estante Virtual, agora com a Magalu. Precisamos de “estantes virtuais” locais, com seus sítios eletrônicos de vendas. Em 2026, pretendemos ter o site – www.poavista.com.br – para autores locais. Sou obrigado a criticar certos livreiros. Há muito despreparo de um lado, desdém com o autor, seus livros escondidos, não tem estantes dedicadas a autores locais. Não é fortuito que a Livraria e Distribuidora Isasul é premiada pela AGES. Tem estantes de autores locais, os atendentes sabem onde estão os livros, conhecem os autores e ali se fazem muitas Rodas de Conversa.

Distribuidoras?

O “calcanhar de Aquiles” é a distribuição. Perdemos as nossas grandes e médias distribuidoras. Estou propondo que nós, escritores, façamos um movimento junto a alguma(s) distribuidora(s) para que, em conjunto, em 2026, alcancemos no mínimo 10 cidades do interior, divulgando a distribuição e as livrarias locais que têm nossos livros à venda. Livros não deveriam ficar restritos a livrarias apenas, apesar de ser o nobre espaço do livro, da cultura, da divulgação. De quando em quando são encontrados novos espaços em cafés.

Lançamentos?

Não há mais espaços nem recursos para lançamentos regrados a espumantes, vinhos e comes. Temos visto e incentivado os lançamentos em restaurantes, bares, cafés que não cobram, apenas o consumo de cada qual. Acho isso é bem salutar. Temos visto muitos lançamentos no Chalé da Praça XV, no qual temos uma Feira mensal há três anos e meio, na Terezas Café, La Vitta é Bela, Benjuá Floricultua e Café, entre outros. As livrarias Isasul, Cirkula, entre outras, têm feito boas rodas de conversa e incentivado os autores locais.

Edições Coletivas?

Há muitas e há tempos em Porto Alegre. Mulherio das Letras, Arca, Coletivo de Escritores Negros, entre outras. Surgiram várias publicações, como Enchentes e Tempos Sombrios do pessoal ligada à Feira do Chalé. Crônicas de Porto Alegre, Metamorfose da vida, I, II, III do grupo de pessoas que trata do tema da Pessoa Idosa, entre outros. É preciso incentivar estes setores e coletivos.

Financiamentos?

Há os incentivos da Lei Rouanet, FAC, Funproarte e um ou outro incentivo pelo interior. Temos que apresentar uma carta aos candidatos a governador, propondo um Fundo Especial do Livro, com recursos para compra de livros de autores riograndenses, a fim de recompor os precários acervos das bibliotecas. Uma parcela deveria ser destinada ao financiamento de editoras locais e livrarias.

Leitura?

A produção literária nas últimas duas décadas tem sido louvável e de qualidade, mas temos problemas com o fomento da leitura, pois não se trata de uma boa vontade ou algumas postagens em mídias sociais. É preciso criar um MOVIMENTO – #ler+ – que vai buscando seus caminhos para atingir os 497 municípios do Estado e depois buscar o rumo do país.

Conexões?

Já vimos como temos grupos, movimentos, coletivos e ações dispersas, muitas vezes com agendas se acumulando e se sobrepondo, mas muitos dos grupos não se conectam e os autores não se falam. Não encontrei ainda um esforço coletivo de divulgação de livros, lançamentos e sarau. Cada um parece agir só na sua praia. Tenho incentivado que as leituras possam resultar em resenhas, críticas e divulgações. Mas ainda esta atitude é bem restrita, parecendo que falta o velho jornal com espaços para tal. Não há mais, cabendo, portanto, a nós acharmos os meios mais adequados de agitar a cena literária gaúcha.


*Adeli Sell é professor, bacharel em Direito.

Foto de capa: ESTADÃO CONTEÚDO

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Respostas de 2

  1. Muito bom. Sobre o financiamento , ótimo incentivo. Sobre a campanha #ler+ muito interessante . Basta agora nosso próximo Governador ser progressista , interessado na promoção e divulgação da Cultura, ou seja de ideologia de Esquerda. Bravo .

  2. Parabéns pelo artigo, caro Adeli. O mercado literário é muito difícil para autores iniciantes. As livrarias e editoras mais renomadas só publicam e vendem autores que dão lucro. Enfim, escrever/publicar novos autores e livros, é uma aventura para os corajosos.

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