De ADELI SELL*
(Falar é lembrar; lembrar para nada se apagar).
Será que conhecemos nossa Biblioteca? Certamente que está na mente dos porto-alegrenses e de alguns visitantes… Quem entrou nela? Quem foi lá para ver o evento sobre Proust? Quem viu as pinturas sendo refeitas, os móveis fulgurantemente bem conservados?
Dá para saber de sua história em uma busca no seu site – lá se encontra muitas coisas… Vão achar também noutras tantas buscas.
Ao passar por fora, pela Riachuelo, pare, vá até a calçada do Tribunal no outro lado, mire bem, tire fotos. Descendo pela Ladeira, vá à calçada oposta, tire mais fotos. Depois analise sua arquitetura. Veja quem está ali nas paredes.
Livros? São muitos, dos mais antigos e raros aos mais recentes lançamentos. A gurizada vai adorar a Gibiteca, tem o que você não pode imaginar; e é só entrar e apreciar.
Lembro-me dela desde o dia que aqui cheguei. Fui morar na Pensão La Maravilha, a 100 metros dali. Frequentava para ler e estudar. Era aquela calma. Sem grana para comprar jornais, lia de graça.
Por ali passaram diretores importantes, desde o Victor Silva e o Eduardo Guimaraens, passando pelo Augusto Meyer, o Reinaldo Moura e tantos outros.
De uns 20 anos para cá, uma bibliotecária de formação assumiu sua direção, MORGANA MARCON. Assim, escrito com maiúsculas. Porque ela foi maiúscula em tudo. Do atendimento à divulgação; no cuidado do prédio – seja na pintura externa, na recuperação das pinturas internas e dos móveis.
Morgana sempre conseguiu, nos vários governos, manter coerência e trabalho, com mais ou menos recursos fez tudo andar para frente. Tristemente soubemos de sua substituição. Pode vir outra pessoa capaz, mas dificilmente superará o trabalho de Morgana Marcon.
Por que mudaram? Não sei, não vejo razões. Pelo contrário. Os governos decidem e serão cobrados por suas decisões.
Falar é lembrar: lembrar para nada se apagar!
*Escritor, professor e bacharel em Direito.
Imagem de divulgação no site da Biblioteca Pública do RS.
As opiniões emitidas nos artigos expressam o pensamento de seus autores e não necessariamente a posição editorial da Rede Estação Democracia.