Por EDELBERTO BEHS*
A história da mídia se desenrola paralela ao desenvolvimento da humanidade. Desde as pinturas rupestres nas cavernas pré-históricas, o surgimento da escrita, a descoberta do papel, a impressão em tipos móveis, o telefone, o rádio, a televisão, a internet, todas as novas mídias modificaram o modo de funcionamento da sociedade.
Em seu trabalho sobre Política, escrito por volta de 350 a. C. Aristóteles (384-322 a.C.) defendeu que o tamanho ideal de uma cidade depende da capacidade de sua população em compartilhar informações. A comunicação na comunidade teve impulso com os oradores na ágora grega.
Segundo o conceito de Aristóteles, hoje a cidade seria o mundo. Os seres humanos recorrem a quatro ferramentas para expressar pensamentos e emoções: o discurso, a música, a imagem e a escrita. Todas as quatro ferramentas estão disponíveis para a humanidade e podem ser usadas concomitantemente.
O desenvolvimento da comunicação até chegar aos tempos atuais é um encadeamento de invenções. Estima-se que a escrita tenha surgido no Paquistão, há 5,5 mil anos. O alfabeto fonético, como hoje conhecido, surgiu 3 mil anos atrás.
Foi na China, cerca de 100 d. C. que surgiu o papel, descoberta atribuída ao oficial da corte Ts’ai Lun, que combinou casca de árvores e trapos depois de observar abelhas e vespas construírem seus ninhos. Manuscritos, papiros, pergaminhos e papéis chegaram a um público cada vez maior. O livro é considerado o mais antigo meio de comunicação de massa.
Em 1440, Johannes Gänsefleisch Guttenberg desenvolveu a prensa tipográfica. Ele imprimiu as primeiras 180 Bíblias. Sabe-se de publicações regulares na Europa, das Zeitung na Holanda em 1609 e na Basiléia, Suíça, em 1610. O Wiener Zeitung, fundado em 1703, é considerado o jornal diário mais antigo do mundo ainda em circulação, desde 2023 no formato digital.
Um conjunto de fatores associados possibilitou a passagem de jornais em veículos de comunicação de massa: educação para a existência de leitores, máquinas velozes para a impressão diária, produção de papel e o desenvolvimento de bens de consumo, anunciados como propaganda em suas páginas e que, afinal, pagam a conta.
Foi o alemão Ottmar Mergenthaler que inventou a linotipo em 1886. O telégrafo foi o responsável pelo surgimento do repórter e das agências noticiosas. Contando com essa ferramenta, o repórter podia acompanhar os fatos in loco e depois transmiti-los à sede do jornal.
O telégrafo possibilitou, também a abertura da primeira agência de notícias, a Havas, na França, em 1835, seguida da Associates Press, em maio de 1846 nos Estados Unidos, e da Reuter, na Inglaterra, em 1851. O telégrafo cedeu lugar ao telex, usado, a partir de 1920, para enviar textos pelo sistema telefônico.
Depois veio o rádio. O padre brasileiro Landell de Moura realizou a primeira transmissão de voz por rádio em 1899, em São Paulo. O italiano Guglielmo Marconi, que realizou a primeira transmissão através do Oceano Atlântico, em 1901. Em 1936, a W2XB, iniciou transmissões experimentais de televisão em Nova Iorque, mas foi a BBC, do Reino Unido, a iniciar um serviço público regular, em 2 de novembro de 1936.
E desse conjunto de descobertas a humanidade chegou ao uso da internet e da web, sem dúvida, a mais poderosa das mídias até hoje desenvolvidas. Ela abarca todas as mídias tradicionais, que emigraram para os seus hiperlinks.
A web é a ágora em escala universal. Moisés usou placas de pedra para gravar os Dez Mandamentos. Fosse hoje ele usaria um smartphone.
*Edelberto Behs é Jornalista, Coordenador do Curso de Jornalismo da Unisinos durante o período de 2003 a 2020. Foi editor assistente de Geral no Diário do Sul, de Porto Alegre, assessor de imprensa da IECLB, assessor de imprensa do Consulado Geral da República Federal da Alemanha, em Porto Alegre, e editor do serviço em português da Agência Latino-Americana e Caribenha de Comunicação (ALC).
Foto de capa: Preto_perola





Uma resposta
Texto com bom sindicado.