🌀🗞️ JORNAL DO MUNDO SURREAL Nº 15

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Jornal do Mundo Surreal nº 15 - Imagem gerada por IA ChatGPT

🧹💸 BLOCO 1 — Fé, Dinheiro Vivo e Milagres Imobiliários

(Quando a prosperidade não cai do céu, ela vem em saco de lixo)

Nota editorial: aqui a teologia é prática. Não multiplica pães, multiplica envelopes. Amém.

🧹 Pastor do Lixo Premium

O pastor-deputado Sóstenes Cavalcante, líder da tropa de choque bolsonarista e fiel praticante da Teologia da Prosperidade versão “faça você mesmo”, foi surpreendido pela PF com R$ 430 mil em pacotes de notas de R$ 100 novinhas, acondicionadas com carinho dentro de um saco de lixo preto no apartamento funcional.

Segundo o parlamentar, o dinheiro veio da venda de um imóvel feita na semana passada e ele não teve tempo de ir ao banco. Num país com o segundo maior juro do mundo, Sóstenes preferiu deixar a fortuna dormindo no chão de casa, em posição fetal, ao lado da consciência.

Atitude curiosa para um pastor que diz seguir a Teologia da Prosperidade, já que deixar dinheiro parado no chão, sem render juros, não parece exatamente a melhor forma de agradar ao deus do mercado que sua igreja tanto venera.

Comentário Surreal: se isso não é desapego material, é porque São Paulo nunca conheceu Brasília.

🧺 O Dinheiro Vive

Segundo o deputado Sóstenes, o valor não foi depositado por “lapso”. Porque, como todos sabem, “ninguém guarda dinheiro ilícito em casa” — só dinheiro honesto dentro de saco de lixo.

Comentário Surreal: o dinheiro estava vivo, saudável e em ambiente escuro — exatamente como gosta a transparência.

📉 Patrimônio Modesto, Cofre Criativo

Os R$ 430 mil em dinheiro vivo encontrados em endereço de Sóstenes representam um detalhe matematicamente incômodo: o valor é 87 vezes maior que o patrimônio declarado pelo deputado ao TSE em 2022. Na ocasião, Sóstenes informou possuir R$ 4.926,76 em bens, o equivalente a 1,15% do montante apreendido pela Polícia Federal.
Em resumo, o deputado passou de quase sem patrimônio declarado para quase meio milhão em espécie. Um milagre financeiro tão impressionante que dispensa até maquininha — basta um saco de lixo e fé.

🕵️‍♂️ BLOCO 2 — Assessores Milionários e a Economia do “Nome Não Identificado”

(Empreendedorismo de gabinete com vocação bancária)

Nota editorial: no Brasil real, assessor ganha pouco. No Brasil paralelo, assessor gira milhões e chama isso de coincidência.

🕵️ R$ 18 Milhões, Assessores e a República do “Não Sei de Nada”

A Polícia Federal informou que assessores de Sóstenes Cavalcante e Carlos Jordy movimentaram cerca de R$ 18 milhões em operações consideradas incompatíveis com suas rendas.

Jordy classificou a investigação como “pesca probatória” — uma modalidade jurídica em que o peixe sempre é a PF e o anzol é a realidade. Sóstenes, fiel ao script, falou em perseguição e atacou o Coaf. O manual do bom bolsonarista segue atualizado.

Comentário Surreal: quando a conta não fecha, a retórica abre.

💼 Assessor Premium, Salário Básico

Um assessor ligado a Sóstenes movimentou R$ 11,4 milhões em créditos e R$ 11,4 milhões em débitos, com transferências rápidas, destinos não identificados e rubricas do tipo “nome não identificado”.

Tudo absolutamente normal para alguém com vínculo funcional modesto. O mercado financeiro que lute para entender como isso não é empreendedorismo.

Comentário Surreal: coach nenhum explica, mas todo mundo finge que entende.

🚗 Motorista Premium, Empreendedor de Luxo

Além do dinheiro vivo encontrado em casa, a investigação da PF avançou sobre assessores do gabinete de Sóstenes, alguns deles com fluxos bancários milionários, totalmente desproporcionais aos salários oficiais. O principal foco recai sobre Adailton Oliveira dos Santos, assessor especial e motorista do deputado, que movimentou mais de R$ 11,4 milhões entre 2023 e 2024 — um desempenho financeiro digno de palestra motivacional.
Para Sóstenes, está tudo explicado: o auxiliar teria negócios legítimos de venda de bebidas e lojas, com faturamento passando pelas maquininhas de cartão. Nada de lavagem, garantiu o deputado. A dúvida que ficou no ar é apenas uma: que empresário tão bem-sucedido, faturando mais de R$ 11 milhões, acorda cedo todo dia para bater ponto como motorista assalariado no Congresso? O capitalismo brasileiro segue surpreendendo.

🔎 Jordy Também Tem Seu Milhão

A PF apontou ainda que um assessor de Carlos Jordy movimentou cerca de R$ 5,9 milhões em créditos e débitos, igualmente incompatíveis com sua capacidade econômica declarada.

Mais um caso isolado. Isoladíssimo. Quase um arquipélago.

Comentário Surreal: se juntar todos os “casos isolados”, dá para fundar um banco.

⚖️ BLOCO 3 — Câmara dos Deputados, STF e o Golpe em Etapas

(Democracia em suaves prestações e voto parcelado em silêncio)

Nota editorial: aqui se aprende que a Constituição é flexível. Especialmente quando atrapalha.

⚖️ Hugo Motta Aprende a Ler a Constituição (Mas Só Depois do Castigo)

Após tentar bancar o professor de Direito Constitucional freestyle no caso Zambelli, Hugo Motta resolveu finalmente abrir o livrinho azul. Resultado: cassou sem votação os mandatos de Eduardo Bolsonaro e Alexandre Ramagem.

Eduardo caiu por faltas — parece que o expediente de chorar em Washington não conta como presença. Ramagem caiu porque foi condenado a 16 anos de prisão, aquele detalhe que costuma atrapalhar carreiras parlamentares.

Tudo absolutamente automático, como manda a Constituição. Ou seja: não era coragem. Era só atraso mesmo.

Comentário Surreal: descobriu-se que ler evita constrangimentos. Quem diria.

🎭 Não Foi Ignorância. Foi Tentativa de Golpe Processual

Engana-se quem acha que Hugo Motta errou por burrice. O plano era mais elaborado: afrontar o STF, criar confusão institucional e empurrar goela abaixo o Projeto da Dosimetria.

O objetivo real? Reduzir penas dos golpistas do 8 de janeiro e, principalmente, do “mito imbrochável”, que perdeu a valentia no xadrez da PF e agora chora por prisão domiciliar como quem pede cobertor extra.

Comentário Surreal: bravura de rede social não passa pela porta da cela.

🌙 A Democracia Dorme e o Congresso Trabalha

Na calada da noite e a toque de caixa, a Câmara aprovou o projeto da dosimetria. De brinde, quase mandaram criminosos sexuais e membros de facções criminosas direto para o clube do desconto penal.

O Senado correu para acompanhar o surto legislativo. David Alcolumbre escolheu como relator Esperidião Amin, conhecido como viúvo da ditadura militar, defensor de ditadores e com vasta experiência em dobrar a realidade sem quebrar.

Comentário Surreal: quando a pressa é inimiga da democracia, o Congresso corre uma maratona.

🃏 Esperidião Amin e a Emenda de Schrödinger

Para corrigir a lambança sem atrasar o comboio da impunidade, Amin tirou da cartola uma obra-prima: disse que não mexeu no mérito do projeto e que só fez uma emenda de redação…

Segundo ele, retirar criminosos sexuais e faccionados não muda o conteúdo. Apenas “facilita a compreensão”.

📦 O que é a Emenda de Schrödinger?

É aquela que, ao mesmo tempo, muda e não muda o mérito do projeto. Dependendo de quem pergunta, ela é apenas “redacional”. Dependendo do efeito, ela altera tudo. Assim como o famoso gato da física quântica, a emenda está viva e morta até alguém abrir a caixa — normalmente o STF.

Comentário Surreal: a língua portuguesa pediu habeas corpus.

🚨 Vetou, Voltou, Revogou

Lula avisou que vai vetar. O projeto volta ao Senado, onde o veto será derrubado pelos seguidores do ex-imbrochável.

Com defensores assim, a democracia brasileira não corre riscos. Ela já está sendo atropelada, com placa fria e motorista foragido.

Comentário Surreal: o atropelo é institucional e o socorro nunca chega.

🧮 BLOCO 4 — Orçamento, Centrão e o Amor ao Próprio Bolso

(Responsabilidade fiscal seletiva com afeto eleitoral)

Nota editorial: cortar programa social dói menos quando a emenda engorda.

💸 Orçamento do Amor: Congresso Abraça o País Pelo Bolso

O Congresso Nacional, esse ente altruísta e desprendido, aprovou o Orçamento de 2026 no valor de R$ 6,5 trilhões, provando mais uma vez seu amor profundo pelo Brasil — especialmente pelo Brasil que cabe dentro das emendas parlamentares.

A peça privilegia ministérios controlados pelo Centrão, turbinando campanhas eleitorais e reduzindo verbas de vitrines do governo Lula como Pé-de-Meia e Farmácia Popular. O recado foi claro: remédio pode faltar, mas santinho não.

Comentário Surreal: prioridade nacional é o santinho plastificado.

🧮 Superávit para Inglês Ver, Emenda para Deputado Usar

O orçamento foi aprovado com superávit de R$ 34,5 bilhões, aquele número bonito para apresentação em PowerPoint, enquanto R$ 61 bilhões em emendas parlamentares foram reservados com carinho para um ano eleitoral.

Para equilibrar a matemática criativa, o Congresso cortou despesas obrigatórias e políticas públicas. Afinal, nada mais responsável do que garantir caixa para campanha reduzindo gastos com gente viva.

Comentário Surreal: o povo que espere. A eleição não.

🏦 BLOCO 5 — Sistema Financeiro, STF e a Investigação ao Contrário

(Quando o bombeiro vira suspeito de apagar incêndio)

🏦 Banco Central no Banco dos Réus

No caso Master, a inversão de papéis virou política institucional. O BC liquidou o banco após detectar R$ 12,2 bilhões em créditos podres empurrados para o BRB.

Agora, Dias Toffoli, que curiosamente viajou “de grátis” com o advogado do dono do banco para assistir ao jogo final da Copa Libertadores, quer transformar o BC em investigado. No TCU, Johnatan de Jesus acompanha o movimento.

Nada mais justo: quem tenta evitar o desastre financeiro precisa mesmo explicar por que atrapalhou.

Comentário Surreal: no Brasil, salvar o sistema é sempre suspeito.

🎰 BLOCO 6 — Bets, Pobres e Aposta Segura

🎰 Bets, Bolsa Família e o STF da Aposta Segura

Luiz Fux decidiu fazer uma gracinha jurídica: atendeu às casas de apostas e permitiu que beneficiários do Bolsa Família continuem jogando até fevereiro.

Bloqueou novos cadastros, mas manteve os antigos ativos. Afinal, nada como garantir que o pouco vire nada — com odds reguladas e lucros garantidos para quem realmente importa.

Comentário Surreal: política social versão roleta.

Para quem ainda não sabe: odds são as cotações usadas pelas casas de apostas para definir quanto alguém ganha se acertar um palpite e, principalmente, para garantir que quem sempre lucre sejam elas. Odds altas prometem ganhos grandes para resultados improváveis; odds baixas pagam quase nada por apostas “seguras”. Ou seja: odds não são só matemática, são modelo de negócio.


Imagem da capa gerada por IA ChatGPT

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