Especial
Vladimir Maiakovski
Vladimir Maiakovski
De GABRIEL GUIMARD*
O Amor
Um dia, quem sabe,
ela, que também gostava de bichos,
apareça
numa alameda do zôo,
sorridente,
tal como agora está
no retrato sobre a mesa.
Ela é tão bela,
que, por certo, hão de ressuscitá-la.
Vosso Trigésimo Século
ultrapassará o exame
de mil nadas,
que dilaceravam o coração.
Então,
de todo amor não terminado
seremos pagos
em inumeráveis noites de estrelas.
Ressuscita-me,
nem que seja só porque te esperava
como um poeta,
repelindo o absurdo quotidiano!
Ressuscita-me,
nem que seja só por isso!
Ressuscita-me!
Quero viver até o fim o que me cabe!
Para que o amor não seja mais escravo
de casamentos,
concupiscência,
salários.
Para que, maldizendo os leitos,
saltando dos coxins,
o amor se vá pelo universo inteiro.
Para que o dia,
que o sofrimento degrada,
não vos seja chorado, mendigado.
E que, ao primeiro apelo:
– Camaradas!
Atenta se volte a terra inteira.
Para viver
livre dos nichos das casas.
Para que doravante
a família seja
o pai,
pelo menos o Universo,
a mãe,
pelo menos a Terra.
(Clique na imagem para melhor visualização)
Foto e poema O Amor de V. Maiakovki ( 1893 – 1930 )
Arte de Gabriel Guimard
*Palhaço, mímico, professor de palhaçaria, astrólogo e colagista – artista que cria colagens.
O autor possui colagens à venda: Mais informações pelo email – metaversocolagem@gmail.com
As opiniões contidas nos materiais expressam o pensamento de seus autores e não necessariamente a posição editorial da Rede Estação Democracia.
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