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Universidade de Harvard cria conselho sobre liberdade acadêmica e de expressão
Universidade de Harvard cria conselho sobre liberdade acadêmica e de expressão
Endossado por 70 professores, a Universidade Harvard, em Massachussetts, nordeste dos Estados Unidos, criou o “Council on Academic Freedom at Harvard (Conselho de Liberdade Acadêmica de Harvard) na tentativa de aumentar a liberdade de expressão dentro dos estudos e dos debates universitários. A iniciativa busca barrar o chamado “patrulhamento ideológico” que vem acontecendo dentro da instituição.
A criação da conselho foi explicada pelos professores Steven Pinker e Bertha Madras em um artigo publicado pelo jornal local Boston Globe. O texto diz que a confiança no ensino superior americano está caindo e que os professores estão sendo denunciados e punidos por uso de determinadas expressões.
“A razão pela qual uma instituição de busca da verdade deve santificar a liberdade de expressão é direta. Ninguém é infalível ou onisciente. Os humanos mortais começam na ignorância de tudo e são sobrecarregados com vieses cognitivos que tornam a busca pelo conhecimento árdua. Isso inclui excesso de confiança em sua própria retidão, preferência por evidências confirmatórias em vez de evidências não confirmatórias e um desejo de provar que sua própria aliança é mais inteligente e nobre do que a seus adversários. A única maneira pela qual nossa espécie conseguiu aprender e progredir foi por meio de um processo de conjectura e refutação: algumas pessoas arriscam ideias, outras investigam se são sólidas e, a longo prazo, as melhores ideias prevalecem.”
De acordo com Pinker e Madras, Harvard se encontra na posição 170 entre as 203 instituições de nível superior no ranking de liberdade de expressão. O colegiado deverá promover seminários, palestras e cursos sobre o assunto e servir de suporte para os docentes pedirem ajuda quando sentirem que sua liberdade de expressão está ameaçada.
“Patrulhamento ideológico”
A criação do conselho em Harvard quer frear o avanço de políticas identitárias e politicamente corretas, a chamada cultura woke. Para os professores, o comportamento barra discussões acadêmicas sobre temas de maior interesse dos conservadores.
Woke é a forma passada do verbo wake e significa “acordar, despertar”. Nos Estados Unidos, ser ou estar woke indica “estar consciente sobre temas sociais e políticos, especialmente o racismo”, segundo dicionário inglês Oxford. Outras formas de discriminação seja em atitudes, seja na linguagem também são temas no radar dos que se consideram woke.
Porém, é um termo controverso. Apesar de ter esse lado considerado ativista, também é usado como insulto. Isso porque o questionamento e o ativismo deste grupo pode ser visto como superficial e hipócrita. Segundo reportagem da BBC, os críticos da cultura woke questionam a postura moralmente superior, de imposição da ideias e dos métodos coercitivos como o “cancelamento”.
Ainda de acordo com o jornal, para a cultura woke, “trata-se de uma forma de protesto não violento que permite empoderar grupos historicamente marginalizados da sociedade e corrigir comportamentos, especialmente nos setores mais privilegiados que, até agora, eram parte do status quo e persistiam sem punição, nem mudança”.
“Cancelamento” de doador
O alvo do método do cancelamento dentro de Harvard foi o bilionário norte-americano Kenneth Griffin. Após a doação de US$ 300 milhões, a universidade decidiu homenageá-lo, renomeando a “Graduate School of Arts and Sciences” para “Harvard Kenneth C. Griffin Graduate School of Arts and Sciences”.
A mudança provocou protestos dos alunos. Griffin é simpatizante e doador do governador do Estado da Flórida, o republicano Ron DeSantis. O político é conservador e combate a cultura woke.
O jornal Boston Globe conversou com os estudantes da instituição que afirmar ser inaceitável forçar estudantes queer, negros e trans a estudarem no local que leva o nome de alguém que financia políticas contra os grupos minoritários.
Com informações do Poder 360.
Foto: Reprodução.
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