Opinião
Um voto pela manutenção e fortalecimento da democracia
Um voto pela manutenção e fortalecimento da democracia
De MÁRCIA MARTINS*
Na votação do segundo turno, no domingo, 30 de outubro, ao digitar na urna eletrônica os quatro números (dois para eleger o presidente do País e dois para o governador do Rio Grande do Sul) – pela primeira vez, em nem sei quanto tempo, serão diferentes – o meu voto será pela manutenção e fortalecimento da democracia. Esse regime de governo, tão duramente conquistado no Brasil e que ceifou vidas preciosas durante a ditadura, seguramente não se alimenta do ódio, racismo, machismo, desrespeito, desprezo pela população, descaso com os pobres. Democracia não combina com Bolsonaro.
Por todos os jornalistas ofendidos pelo atual presidente (não vou citar o seu nome). Pelas 33,1 milhões de pessoas que passam fome no Brasil – embora o presidente não consiga enxergar e até zombe dessa realidade – e pelas que engrossam os dados cruéis da insegurança alimentar. Pelo corte vergonhoso dos recursos da educação e saúde, desde que o inominável assumiu. Pelos remédios que deixarão de ser entregues nas farmácias populares, em função do confisco de valores para o Orçamento Secreto. Em nome de mais de 10,1 milhões de pessoas desempregadas no País. Eu voto 13.
Ao lembrar das mulheres mortas, vítimas de feminicídio, uma vez que no governo federal as verbas para políticas para mulheres, além de reduzidas, não foram aplicadas. Por todas as mulheres estupradas no Brasil (e nenhuma merece ser). Por todas as mulheres que sofreram qualquer tipo de assédio – mesmo que o presidente se negue a compreender e dê voz ao agressor, como no caso do ex-presidente da Caixa Econômica Federal, Pedro Guimarães. Pelas Marielles e tantas outras, eu voto 13 para Presidente do Brasil. Porque o meu País, certamente, não aceita mais conviver com os males do bolsonarismo.
Em memória dos mais de 688 mil mortos pela Covid no Brasil e pelo descaso e atraso na política de vacinação, que poderia ter evitado tantas perdas. Em respeito às lágrimas derramadas pelos familiares das vítimas da Covid. Em solidariedade com a população LGBTQIA+, rejeitada pelo inominável em diferentes ocasiões. Em consideração a todas as filhas que nasceram de uma fraquejada. Em desprezo por todos que praticam pedofilia. Eu voto 13.
A lista de motivos para não reeleger o atual presidente é enorme. Não vou adiante. Apenas ressalto que o projeto de futuro que desejo para as próximas gerações inclui uma sociedade justa, onde as pessoas não sejam julgadas pela cor de sua pele, onde ninguém tenha medo de apanhar na rua em decorrência de sua orientação sexual, onde as mulheres não sejam mortas pelo simples fato de serem mulheres, onde todos tenham condições iguais e homens e mulheres não precisem revirar os contêineres de lixo para catar restos de comida. Nada disso encontra respaldo nas práticas bolsonaristas.
E não por concordar com a política de Eduardo Leite e menos ainda aplaudir a sua gestão, mas sim por entender que ninguém merece um governador bolsonarista, optei pelo voto crítico no 45. Se ainda não tivesse decidido, o desrespeito ou talvez a imbecilidade demonstrada por Onyx Lorenzoni no debate de terça-feira, promovido pela Rádio Guaíba e Correio do Povo, ao se negar, oito vezes em pouco mais de um minuto, a informar a sua alternativa ao Regime de Recuperação Fiscal, influenciaria meu voto. O Rio Grande do Sul não pode concordar com tamanho deboche.
*Jornalista, feminista, ex-presidenta do COMDIM de Porto Alegre e integrante da coordenação da RED.
Imagem em Pixabay.
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