A Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj) pagou em torno de R$ 2,4 milhões a aliados dos líderes do Partido Liberal (PL) na Câmara dos Deputados e no Senado Federal, e a um dos principais assessores do vereador Carlos Bolsonaro (Republicanos) na Câmara do Rio de Janeiro. De acordo com o UOL, as contratações foram feitas através de projetos de pesquisa na véspera da campanha eleitoral de 2022.

Os dados estão em folhas de pagamento sigilosas e foram feitos entre 2021 e 2022, mas com maior frequência no primeiro semestre do ano passado. As contratações usaram dois projetos de pesquisa – um de inovação em escolas públicas e o outro de educação profissional.

A origem dos recursos é do Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica (Fundeb) nos âmbitos municipal, estadual e federal.

Líder do PL na Câmara

A reportagem identificou pelo menos 20 nomes de aliados do líder do PL na Câmara, Altineu Côrtes. Entre eles, estão o vendedor de churrasquinho Ediel Teles dos Santos e a ex-chefe de gabinete do deputado Edson Albertassi, Shirlei Aparecida Martins.

Ambos fizeram campanha para Côrtes na Região dos Lagos, no Rio de Janeiro, mas não constam na prestação de contas do PL. Ediel recebeu R$ 94,3 mil entre janeiro e outubro de 2022 da universidade, já Shirlei ganhou R$ 84,5 mil entre agosto de 2021 e fevereiro de 2022.

Em 2018, Shirlei chegou a ser presa durante a Operação Furna da Onça, executada pelo Ministério Público Federal (MPF), por suspeita de participar do esquema de rachadinha envolvendo o então deputado Edson Albertassi. A defesa de Shirlei alegou que ela foi bolsista da Uerj por ser assistente social e professora aposentada.

Outro aliado de Côrtes contratado pela Uerj foi o tesoureiro de sua campanha, Laércio Tavares de Andrada recebeu R$ 192 mil entre agosto de 2021 e dezembro de 2022.

Além deles, um grupo formado por ex-assessores de Bruno Bonetti, um dos principais aliados de Côrtes, também recebeu recursos da Uerj. Bonetti é primeiro suplente do senador Romário (PL-RJ) e funcionário do gabinete de Côrtes. O grupo, formado por pelo menos cinco pessoas, trabalhou com Bonetti em 2021 na RioLuz, empresa de iluminação da Prefeitura do Rio de Janeiro.

Líder do PL no Senado

A mãe e um assessor do senador Carlos Portinho, líder do PL no Senado, receberam recursos da Uerj. Ângela Maria Teixeira de Mello recebeu, entre fevereiro e julho de 2022, R$ 90 mil. Em resposta ao UOL, a mão do senador alegou que já trabalhou para a universidade em escolas da região serrana do estado.

Já o assessor Jeremias de Jesus Santos ganhou R$ 102,9 mil de outubro de 2021 a julho de 2022. Após ser questionado pela reportagem, o assessor respondeu que é maestro de coros musicais na igreja e que participou de um projeto de gestão de música em escolas públicas.

Assessor de Carlos Bolsonaro

Um dos principais assessores do vereador Carlos Bolsonaro, Rogério Cupti, embolsou R$ 87,4 mil entre os meses de julho e novembro do ano passado. De acordo com a apuração, ele recebeu R$ 13 mil na maior parte dos meses em um projeto de educação profissional.

A tia de Cupti, Márcia Toffano Mattos, também participou do projeto e recebeu R$ 91 mil no mesmo período.

Outros beneficiados

Os assessores e pessoas ligados aos parlamentares Altineu Côrtes, Carlos Portinho e Carlos Bolsonaro não são os únicos a receber recursos da Uerj. A universidade já pagou cabos eleitorais de outros políticos do PL: o senador Romário, a deputada federal Soraya Santos e os deputados estaduais Dr. Serginho e Rodrigo Bacellar.

Ao todo, foram gastos R$ 350 milhões entre janeiro de 2021 e agosto de 2022 em projetos com folhas de pagamento sem transparência. O caso é investigado pelo Tribunal de Contas do Estado (TCE), pelo Ministério Público do Rio de Janeiro (MP-RJ) e pela Procuradoria Regional Eleitoral (PRE).

Foto: Divulgação/Uerj

Para receber os boletins e notícias direto no seu Whatsapp, adicione o número da Rede Estação Democracia por este link aqui e mande um alô.