Opinião
Todo dia é o dia da Consciência Negra?
Todo dia é o dia da Consciência Negra?
De ALEXANDRE CRUZ*
Justamente no dia 20 de novembro, um dos meus grandes amigos afirmou que “Todo o Dia é o Dia da Consciência Negra”. Horas se passaram mastigando essa resposta no WhatsApp, que a minha reflexão ganhava corpo.
Com esta data, é um dia de reflexão e nos outros 364 dias o que ocorre são ações brutais contra o povo negro. Segundo os dados do Forum Brasileiro de Segurança Pública, 408.605 pessoas negras foram assassinadas no Brasil na última década. 72% de todos os homicídios do país no período foram de negros. Repito: 72%. A cada 100 pessoas assassinadas no nosso país em 2021, 72 eram negros. Os negros representam 67,5% da população prisional no ano passado. 13.830 de casos de injúria racial.
Esses dados altos demonstram que as desigualdades são extremamente violentas e o negro é vitima diária das mais diversas opressões. Falamos de um dos maiores e cruéis preconceitos que existem, que violenta com as palavras, atos, invisibilidade, falta de representatividade e vulnerabilidade dos direitos, que é o racismo!
O racismo é uma construção ideológica. O professor Silvio Almeida, no livro Racismo Estrutural, afirmou que as telenovelas brasileiras colocam as mulheres negras com uma vocação natural para as lidas domésticas e as personalidades dos homens negros vão desde criminosos até de pessoas ingênuas. E os homens brancos? Possuem personalidades complexas e líderes natos. Almeida acrescenta que nas escolas há uma ideologia em que os negros e negras não têm muita contribuições para a história, literatura, ciência e etc. E que celebrar a própria libertação é graças a “bondade” dos brancos. Esse é um resumo da ideologia.
Dito tudo isso, sim, é importante que se tenha uma data sobre o dia da Consciência Negra, pois ela não é todos os dias. Os números de violência e desigualdade social expressam isso com contundência. Temos a esperança, cuja luta dos negros e apoio que gerou vitória ao Lula se traduza em um número expressivo de espaços do povo negro no seu mandato. Não é concessão e sim direito justo e uma pequena reparação histórica.
*Jornalista.
Imagem – reprodução da internet.
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