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Sociedade nega a velhice e o idoso é deixado de lado na cultura moderna, afirma psicanalista

Sociedade nega a velhice e o idoso é deixado de lado na cultura moderna, afirma psicanalista

Espaço Plural por RED
08/08/2023 15:10 • Atualizado em 08/08/2023 15:07
Sociedade nega a velhice e o idoso é deixado de lado na cultura moderna, afirma psicanalista

Dados do Censo 2022 e da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (Pnad Contínua) mostram que a população idosa no Brasil cresceu 39,8% nos últimos dez anos. A parcela de pessoas com 60 anos ou mais passou de 11,3% para 14,7% da população.

Além de envelhecer, envelhece sozinho. Entre as mulheres que ocupam moradias unipessoais, cerca de 60% são idosas. Mas a solidão na terceira idade ainda é um assunto pouco abordado, principalmente em políticas públicas de saúde e de cuidado.

Para Pedro Cattapan, pós-doutor em Teoria Psicanalítica pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e professor na Universidade Federal Fluminense (UFF), a nossa cultura tenta negar o envelhecimento. Em entrevista ao Espaço Plural desta terça-feira, 08, o professor lembra que este período da vida possui diferentes sentidos a depender do momento histórico.

“Em sociedades pré-modernas, inclusive no nossa Brasil há não muito tempo atrás, no século XIX, talvez no começo e primeira metade do século XX ainda, o idoso ou velho – como se queira chamar as pessoas numa idade numa que se considera que elas estão mais próximas da morte do que se nascimento – essas pessoas eram valorizadas como uma espécie de guardião de uma sabedoria tradicional. Ele era alguém que servia de referência a ser consultado, o famoso ancião. ‘Respeite as minhas barbas brancas’ era uma fala muito comum antigamente”, afirmou.

“Na modernização da nossa cultura, algo aconteceu que é a destituição desse lugar de saber, esse lugar de referência não só no que diz respeito ao saber, mas ética na figura do idoso, e a passagem disso para outras instâncias. Por exemplo, o jornalista, o cientista, o especialista é quem tem o saber a respeito de como a gente deve conduzir a nossa vida e esses, inclusive o saber desse especialista é um saber que tá sempre a se construir, está sempre a se modificar como é próprio da construção do pensamento científico. Isso destitui a tradição de seu valor, de modo que o velho, o idoso, não é mais consultado. Ele é visto como alguém que tá enferrujado, alguém que tá repetindo as mesmas manias, ele é patologizado na nossa cultura moderna”, completou o professor.

Assista ao programa completo:

O programa Espaço Plural vai ao no YouTube e no Facebook de segunda à sexta-feira, a partir das 14h, com a apresentação do jornalista Solon Saldanha.


Foto: Rafa Neddermeyer/Agência Brasil.

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