Curtas
Sindicatos farão pressão no Congresso para garantir reajuste no serviço público
Sindicatos farão pressão no Congresso para garantir reajuste no serviço público
Em meio às negociações entre os sindicatos do serviço público federal e o governo pelo reajuste salarial, uma das principais federações de servidores já começou a deliberar sobre a proposta oferecida na última sexta-feira, de 9% de aumento a partir de maio, e nas suas estratégias. Após uma longa assembleia no sábado, que se iniciou à tarde, entrou pela noite, e foi acompanhada pelo Congresso em Foco, a Federação Nacional dos Trabalhadores em Saúde, Trabalho e Assistência Social (Fenasps) decidiu aguardar as respostas das assembleias estaduais antes de tomar uma decisão, mas já antecipa a necessidade de pressionar o Congresso Nacional para garantir o reajuste.
A proposta apresentada pelo governo não agradou à federação sindical, que reivindicava um reajuste de 27%, valor equivalente ao acúmulo da inflação nos últimos quatro anos. Ainda assim, o presidente da Fenasps, Moacir Lopes, acha pouco provável que os sindicatos estaduais recusem a oferta. “A perspectiva é de a categoria fazer um acerto pelos 9%, e brigar para que o orçamento de 2024 garanta valor maior, se o governo estiver disposto a comprar essa briga”, antecipou.
Para aceitar essa estratégia, a Fenasps ainda espera que o governo se comprometa por escrito para articular tanto o reajuste de 9% quanto o possível aumento do ano seguinte. A grande preocupação dos sindicatos está na forma com que o aumento deverá ser alcançado. A proposta original do governo era de um reajuste de 8,4% a partir de abril. O aumento de 9% já ultrapassa o valor previsto na lei orçamentária para reajustes, o que vai exigir do governo a aprovação de um projeto de lei para autorizar o uso do recurso necessário. Por isso, a necessidade agora de pressão sobre o Congresso.
Incerteza legislativa
Moacir conta que o aumento necessário nos recursos da União para o reajuste salarial é relativamente pequeno em comparação ao total do orçamento público, um valor estimado em R$ 200 milhões. A atual conjuntura do Congresso Nacional, porém, torna incerta a aprovação do projeto. “No cenário que temos hoje, qualquer coisa que vá para lá que não tenha acordo pleno acaba não tramitando, o projeto fica parado”, conta o líder sindical.
O andamento dos trabalhos na Câmara dos Deputados também preocupa a federação: mesmo já tendo iniciado os trabalhos da nova legislatura, a Casa ainda se encontra sem as comissões. Além disso, mesmo que se chegue a um acordo na próxima semana para a abertura das comissões, o andamento do projeto para o reajuste ainda vai exigir apoio do presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), um parlamentar cujas posições a respeito das pautas do funcionalismo público é uma incógnita.
“Esperamos que, com a viagem com o presidente Lula à China no fim do mês, Lira acabe sensibilizado sobre essa questão. Ainda assim, sendo um deputado do Centrão, fica difícil saber o que ele pretende fazer”, afirmou. A estratégia prevista pelo sindicato é de, uma vez protocolado o projeto para a liberação dos recursos, manter uma presença constante no Congresso Nacional para pressionar os parlamentares.
A orientação encaminhada aos sindicatos estaduais é de tentar se reunir em Brasília no dia 20 para iniciar a articulação no Legislativo em favor da liberação do reajuste, pressionando individualmente os deputados. Moacir relembra que, apesar da disposição da federação, esse movimento ainda requer o apoio do governo. “O governo precisa fazer a parte dele, precisa demonstrar que há o recurso disponível. Sem isso, os deputados não podem fazer nada”.
Na pior das hipóteses, não havendo sucesso em nenhum caminho para o reajuste, os servidores já consideram a possibilidade de greve. Esse caminho, porém, não é o desejado por eles. “Nós recém saímos de uma greve, e ainda nem foram concluídas as negociações decorrentes da greve de 2022. Fazer outra agora seria como ir acumulando problemas que não se resolvem. Então ainda vamos aguardar a resposta do governo”, declarou.
Por Lucas Neiva
Foto: Pedro Mesidor/FENASPS
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