Curtas
Sigilo da delação de Mauro Cid é o procedimento correto, afirma advogado; acordo pode abalar Bolsonaro
Sigilo da delação de Mauro Cid é o procedimento correto, afirma advogado; acordo pode abalar Bolsonaro
O tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens do ex-presidente Jair Bolsonaro, fez um acordo de delação premiada com a Polícia Federal (PF) e com o Supremo Tribunal Federal (STF) no dia 9 de setembro. O acordo foi firmado no âmbito do inquérito das milicias digitais e em investigações relacionadas.
A delação precisa ser acompanhada de provas para ser aceita dentro dos processos. Segundo o advogado e professor da Universidade Federal Fluminense (UFF), Cláudio Pereira de Souza Neto, as colaborações devem ficar sob sigilo enquanto são comprovadas. O professor lembra que a divulgação da delação foi feita de maneira errada pela Operação Lava Jato.
“Ele [colaborador] vai dizer coisas que ele sabe e por intermédio desses depoimentos que ele der, a polícia terá que realizar investigações, realizará perícias, diligências de busca e apreensão, examinará documentos, colherá depoimentos de testemunhas. A partir de todas as provas produzidas é que será depois proposta a ação penal. É da natureza da delação que ela seja mantida sob sigilo, é justamente que permite que as provas sejam produzidas. Se os eventuais implicados sabem de ante mão o teor da delação, provavelmente procurarão tomar providências para dificultar as investigações”, explica.
Para a doutora em Economia e mestre em Ciência Política, Angelita Matos Souza, a delação de Mauro Cid pode abalar ainda mais a carreira política de Jair Bolsonaro, que já está inelegível. “Entre os seguidores mais fiéis ao Jair Bolsonaro, pode acontecer o que acontecer que eles não acreditam. Eles seguem a palavra do ex-presidente. Se ele for preso é um divisor de águas sim”.
O único ex-presidente preso foi Luiz Inácio Lula da Silva, mas que outros políticos não foram para a prisão, como destaca a doutora. “Eu não acredito muito que ele será preso e sendo me preocupa um pouco que ele vire ainda mais um mito, que as pessoas fiquem fazendo romaria na prisão e isso de certa forma o fortaleça. Mas eu também não sei se ela vai fugir porque o ex-presidente Jair Bolsonaro não parece muito dado a esse tipo de heroísmo de ser preso e tentar provar inocência e coisa do gênero. Se isso acontecer vai ser um marco na história política do país”, completa.
Assista ao programa completo:
O programa Espaço Plural vai ao ar no YouTube e no Facebook de segunda à sexta-feira, a partir das 14h, com a apresentação do jornalista Solon Saldanha. Não haverá programa na quarta-feira, 20, em função do feriado.
Foto: Pedro França/Agência Senado.
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