Opinião
SETEMBRO AMARELO: uma dor que precisa de atenção
SETEMBRO AMARELO: uma dor que precisa de atenção
De ELIANE TONELLO*
O setembro amarelo foi instituído como o mês de prevenção ao suicídio, um acontecimento social com repercussões subjetivas, visto que se trata de um ato de violência autoinfligida. Suicídio é um comportamento com determinantes multifatoriais, resultado de uma complexa interação de fatores psicológicos, biológicos, genéticos, culturais e socioambientais. Por isso, não deve ser considerado como um evento isolado e simplista, e sim, como desfecho de uma série de fatores acumulados na história do indivíduo.
As ações educativas visam reduzir a incidência de novos casos de forma preventiva. É importante salientar que a “dor” precisa de atenção e nem sempre o próprio sujeito consegue avaliá-la. O grande desafio de familiares e amigos consiste em estar atento ao discurso e à desesperança de viver. Os principais sinais da condição depressiva são: tristeza profunda; distúrbios do sono; pensamentos negativos; desinteresse e apatia; baixa autoestima; desleixo com a aparência; dores físicas; rejeição; irritabilidade; choro frequente; falta de vontade de fazer atividades simples; mudanças comportamentais bruscas; rejeição a determinados assuntos.
Identificar a situação de vulnerabilidade e de crise é essencial para a busca de tratamento psicoterápico/psiquiátrico. A psicoterapia é um método de tratamento, que auxilia o sujeito a lidar com os problemas afetivos inerentes à existência humana. Promove autoconhecimento e desvenda as dores da alma. Através de uma escuta profissional e empática, identificam-se as maiores fragilidades, auxiliando na construção de pilares para melhor enfrentar os percalços da vida. A palavra é a facilitadora na construção de novos caminhos em direção a uma situação mais saudável, além da compreensão e melhor visão das potencialidades que existem em cada sujeito.
Infelizmente, o estigma e o tabu frente ao suicídio, bem como a dificuldade em buscar ajuda, decorrem de comportamentos arraigados há séculos em nossa história. Por razões religiosas, morais e culturais, o suicídio sempre foi considerado um grande “pecado”, e a procura de auxílio psicológico um indício de “loucura”. No entanto, perder o medo e a vergonha de falar abertamente sobre esse importante problema de saúde pública, pode salvar vidas. Lembrem-se, ideação suicida é uma dor que precisa de atenção.
Cuidar de si e do outro é um gesto de amor!
*Psicóloga e escritora.
Imagem em Pixabay.
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