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“Reina grande expectativa com a próxima Feira do Livro”, festeja ex-presidente

“Reina grande expectativa com a próxima Feira do Livro”, festeja ex-presidente

Cultura por RED
17/10/2024 18:00 • Atualizado em 17/10/2024 18:08
“Reina grande expectativa com a próxima Feira do Livro”, festeja ex-presidente

 

Por JOSÉ ANTÔNIO VIEIRA DA CUNHA*

NOVA COONLINE 50, com Flávio Ledur

Vem Feira do Livro aí, e esta edição de 2024 será extraordinária, com mais de 800 lançamentos e incontáveis sessões de autógrafos. “Estamos cheios de esperança este ano”, disse o escritor, livreiro e professor Paulo Flávio Ledur em uma conversa com o grupo virtual Nova Coonline, formado por veteranos jornalistas gaúchos que se reúnem semanalmente e cujos encontros são publicados no YouTube. Ledur revelou que tradicionalmente a venda é extraordinária durante a feira, na contramão do que ocorre no mercado, que está em um mau momento. “Faltam leitores no Brasil, em função de nosso modelo de educação, que abriu mão do livro”, afirmou o convidado. “Se tivéssemos uma educação eficiente, teríamos também mais leitores, e portanto mais compradores. Este é um círculo vicioso do qual temos de sair.”

Presidente da Feira do Livro de Porto Alegre em três oportunidades, Flávio Ledur lamentou que o programa de compra de livros por parte do governo federal, embora significativo, se limite ao universo das grandes empresas do país e a autores consagrados. Novos autores e editoras de pequeno porte são praticamente ignorados, e se isso mudar, o panorama do setor também melhora, acredita o escritor. Outro problema sério que persiste no Brasil é a insuficiente oferta de livrarias. Lembrou que, segundo a Unesco, o ideal é que haja uma livraria para cada grupo de 10 mil habitantes, índice que o país está muito longe de atingir. Dentro deste critério, Porto Alegre, por exemplo, deveria ter 150 livrarias, mas não apresenta nem um terço disso. “Talvez um novo modelo, com a volta das pequenas livrarias de bairro, seja uma alternativa” para alterar este desequilíbrio, disse Ledur.

A tiragem padrão de livros era até o início do século de 2 mil exemplares, número que foi sendo reduzido para mil ou menos, e há autores que pedem apenas 100 exemplares. Com isso, a escala industrial para produção de livros mudou bastante, o que contribuiu para encarecer muito o valor do exemplar. O sistema de distribuição do livro também ajuda para isso, pois é muito caro no Brasil devido a suas grandes distâncias geográficas. O custo de envio de um livro de Curitiba para Fortaleza, no exemplo dele, aumenta em cerca de 30% o valor do livro.

Outro ponto abordado por Ledur é a redução do interesse dos grandes veículos em instalar estruturas próprias para o trabalho de suas equipes durante a feira na Praça da Alfândega, que é considerada a maior da América Latina em ambiente aberto. O desinteresse pode ter explicação na programação da feira, que talvez não ofereça atrações suficientes para motivar empresas de comunicação a instalar estúdios lá, cogita Ledur. Por isso, ele disse aplaudir o projeto de instalação de um estúdio coletivo, ideia apresentada pela ARI (Associação Riograndense de Imprensa) como um embrião no esforço para levar os veículos a cobrir a Feira do Livro de Porto Alegre com mais atenção.

O escritor também manifestou uma forte inconformidade com os exageros que certas situações provocam em relação ao idioma pátria. Lamentou que o TSE (Tribunal Superior Eleitoral) publicou nas eleições passadas uma relação de 40 palavras que não deveriam ser usadas pelos funcionários do órgão devido a seu “potencial teor racista”. Entre elas estava o verbo esclarecer: “Isso mostra o nível do exagero das coisas, eu jamais imaginaria que a palavra esclarecer tivesse a possiblidade de ter um teor racista”.

A conversa pode ser conferida na íntegra no canal do grupo Nova Coonline, que está publica aqui:

*Jornalista

Foto: Divulgação

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