Retratando em textos anteriores a interferência do governo passado na Receita Federal, a Folha de São Paulo publicou mais uma matéria sobre o assunto neste sábado, 04, afirmando que a instituição “foi nos quatro anos de governo de Jair Bolsonaro (PL) submetida às investidas do agora ex-presidente para beneficiar aliados, blindar familiares e dar sustentação técnica a medidas de caráter eleitoreiro”.

A publicação também afirma que o órgão “perdeu suas defesas contra o Congresso Nacional” e sucumbiu a interesses de grupos que se beneficiariam com a diminuição do seu poder de fiscalização e cobrança. Além disso, traz a informação de que há a “sensação, entre técnicos do Fisco, de sucateamento e desorganização pela falta de pessoal, orçamento e governança na formalização de processos e tomadas de decisão”.

As investidas do governo de Bolsonaro contra a Receita começaram em 2019, com a pressão em Marcos Cintra, então secretário especial do órgão, para “resolver o problema” das igrejas, pois os pastores acumulavam dívidas bilionárias devido a fiscalizações no recolhimento de tributos.

Não acatando as ordens do Planalto, Cintra foi demitido meses depois, e as pressões continuaram em cima das gestões posteriores. De lá pra cá, o número de fiscalizações tendo como alvo agentes públicos (incluindo políticos, juízes, ministros e militares) caiu cerca de 43%. A Folha ainda revela que “uma das pessoas ouvidas de forma reservada afirma que a Receita foi “amansada” nos anos de governo Bolsonaro, com perseguições internas a quem contrariasse os interesses políticos do ex-presidente e seus aliados”.

Foto: Fabio Rodrigues-Pozzebom/ Agência Brasil