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Racismo no hino do Rio Grande do Sul é tema de audiência pública nesta segunda, 3

Racismo no hino do Rio Grande do Sul é tema de audiência pública nesta segunda, 3

Geral por RED
03/07/2023 10:54 • Atualizado em 03/07/2023 11:22
Racismo no hino do Rio Grande do Sul é tema de audiência pública nesta segunda, 3

Os deputados Bruna Rodrigues (PCdoB), Matheus Gomes (PSOL) e Laura Sito (PT), que compõem a primeira Bancada Negra da Assembleia Legislativa do Rio Grande do sul, articularam uma audiência pública para esta segunda-feira, 3, a fim de discutir o racismo contido em trechos do hino do estado.

Uma das principais demandas do movimento negro gaúcho, discutida desde pelo menos a década de 1970, que é a necessidade de alteração de um trecho do hino que afirma que “povo que não tem virtude acaba por ser escravo”. Os deputados salientam que este trecho é considerado racista, uma vez que a estrofe compara o que o povo negro gaúcho – majoritariamente escravizado à época – foi submetido: à escravidão – e que por isso não possuíam virtude.

A bancada negra reitera, ainda, a necessidade de pensar os símbolos do estado sob um ponto de vista que não incentive nenhuma forma de preconceito. Com isso, na ocasião, também serão discutidos projetos que já tramitam na Assembleia Legislativa sobre o tema, entre eles uma Proposta de Emenda à Constituição (PEC 295/2023) que versa sobre a imutabilidade dos símbolos do Rio Grande do Sul, inclusive o hino do estado.

Os deputados explicam que o contexto da escrita do hino rio-grandense é a Guerra dos Farrapos (de 1835 a 1845), uma luta dos estancieiros escravagistas pela redução dos impostos da comercialização do charque. Por isso, o período de escravidão contextualiza os versos do hino dizendo: caso não fossem vitoriosos nesta luta; ou seja, não tendo virtude de vencer a guerra, acabariam sendo escravos, como os negros, mas da monarquia.

Com isso, a Revolução Farroupilha não lutava contra a escravidão, mas sim contra os impostos da monarquia em relação à comercialização do charque. Mas para tanto, os estancieiros criaram um exército de linha de frente, que são os Lanceiros Negros, para guarnecer os brancos, com a  promessa de liberdade. Depois, quando não havia mais chance de vencer a guerra, os estancieiros começaram a negociar com a monarquia.

No final do conflito, o Império e os estancieiros teriam organizado um ataque a tropa dos Lanceiros Negros dos rebeldes, resultando na execução e prisão de mais de 100 soldados negros. O caso ficou conhecido como a Traição de Porongos, ocorrida em 14 de novembro de 1844.


Foto: divulgação ALRS

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