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Opinião

Queda dos muros da impunidade: um novo capítulo na história de Marielle Franco

Queda dos muros da impunidade: um novo capítulo na história de Marielle Franco

Artigo por RED
27/03/2024 05:30 • Atualizado em 31/03/2024 02:32
Queda dos muros da impunidade: um novo capítulo na história de Marielle Franco

De ALEXANDRE CRUZ*

No último domingo, o Brasil testemunhou um dos desfechos mais marcantes na investigação do brutal assassinato da vereadora Marielle Franco e seu motorista, Anderson Gomes. As sombras que pairavam sobre este caso foram, enfim, iluminadas pela polícia federal, revelando uma trama complexa e sombria que ecoa os mais profundos vícios da política, da polícia e das milícias no Rio de Janeiro.

O desenrolar das investigações nos conduz a uma conclusão inquietante: a execução de Marielle Franco não foi apenas um crime hediondo, mas um ato político calculado, uma retaliação cruel por sua coragem em enfrentar os poderes estabelecidos. A motivação para o crime, segundo as investigações, foi a atuação de Marielle na defesa dos direitos humanos e seu voto contra o projeto de lei de regularização fundiária, que beneficiava grileiros e milicianos.

A prisão dos mandantes deste crime não apenas traz um senso de justiça para Mariele Franco e sua família, mas também abre as portas para um novo capítulo na política brasileira. A relação entre os autores intelectuais com o então presidente Bolsonaro, incluindo a concessão de passaportes diplomáticos, coloca em xeque a lisura daquele governo. O delegado responsável pela investigação inicial do caso, Rivaldo Barbosa, um dos arquitetos do assassinato, foi indicado pelo general Braga Neto, vice-presidente na chapa de Jair Bolsonaro em 2018. Essa revelação reforça as suspeitas de conivência entre o governo  Bolsonaro e as milícias.

Este desfecho não apenas agita o tabuleiro político, mas também eleva a visibilidade do PSOL, especialmente com Guilherme Boulos candidato à prefeitura de São Paulo. A militância negra encontra renovada energia, enquanto figuras como o deputado federal Chiquinho Brazão (União Brasil), mais o conselheiro do Tribunal de Contas do Estado, Domingos Brazão e o delegado da polícia civil, Rivaldo Barbosa, deverão enfrentar pedidos de cassação e expulsão.

Além disso, a prisão dos responsáveis deixa claro que a extrema direita opera em todas as esferas da sociedade, incluindo a política e até mesmo as instituições de segurança. A resposta decisiva das autoridades reflete positivamente no governo Lula, que desde o início se comprometeu a solucionar o caso. A resolução do caso fortalece a imagem do governo e demonstra seu compromisso com a justiça e o combate à impunidade.

No entanto, este não é apenas um momento de celebração pela justiça alcançada. Este é um chamado para uma investigação mais profunda, uma análise das ramificações obscuras e dos apoios corruptos que sustentaram este crime hediondo. O jornalismo investigativo tem um papel fundamental a desempenhar neste processo, revelando as conexões promíscuas que estavam por trás desta operação nefasta.

À medida que o Brasil se depara com este novo capítulo na saga de Marielle Franco, é imperativo que permaneçamos vigilantes. A prisão dos líderes é um passo crucial, mas não é o fim da jornada por justiça e transparência. Devemos permanecer unidos na busca pela verdade e pela reforma de nossas instituições, para que tragédias como esta nunca mais se repitam em nossa sociedade. A resolução do caso Marielle é um passo crucial para o fortalecimento das instituições democráticas e para a pacificação do país.


*Jornalista.

Imagem em Pixabay.

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