Em país que já foi referência em imunização, erradicando doenças como poliomielite e sarampo, vacinação contra covid evidencia os atuais péssimos resultados da cobertura vacinal em geral.

Dados divulgados pela Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) apontam que apenas 5,5% das crianças brasileiras de 3 e 4 anos tiveram acesso à primeira fase do esquema vacinal contra a covid-19, que inclui a primeira dose e a dose de reforço.

Com cerca de 5,9 milhões de crianças dessa idade que deveriam ser imunizadas, os números do Vacinômetro Covid-19 do Ministério da Saúde mostram que apenas pouco mais de 300 mil pessoas nessa faixa etária estavam com a proteção atualizada e menos de um milhão receberam a primeira dose, até 7 de novembro de 2022.

Estes números mostram o atraso da cobertura vacinal em geral entre as crianças no Brasil. Nos últimos anos, o país não conseguiu atingir nenhuma das metas estabelecidas de imunização, o que trouxe de volta o alerta para doenças graves e que tinham sido erradicadas no território nacional, como o sarampo e a poliomielite.

O relatório feito pelo Observa Infância (Fiocruz/Unifase) mostra esta realidade preocupante mesmo após quatro meses da autorização da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) para aplicação da Coronavac em crianças pequenas.

“Até junho de 2022, o Brasil registrava uma média de 2 mortes diárias por Covid-19 entre crianças menores de 5 anos. Desde a aprovação da Pfizer pediátrica pela Anvisa, em 16 de setembro, 26 crianças menores de 5 anos já morreram em decorrência da doença, o equivalente a dois óbitos a cada três dias”, afirma a coordenadora do Observa Infância, Patricia Boccolini.

Foto – Jefferson Peixoto/Secom Salvador.