Opinião
Quaquá, quero o meu PT de volta
Quaquá, quero o meu PT de volta
De ALEXANDRE CRUZ*
Verão sempre é um momento de ler bastante em razão das férias. Ir para a praia. Desfrutar do som do mar. Ficar deslumbrado com o poder das ondas chocando com os rochedos e nos oferecendo um espetáculo à parte. Caminhar de manhã cedo na beira da praia, molhando os pés. Uma sensação indescritível. Faz lembrar o poeta Pablo Neruda: entre as suas três casas, a favorita estava localizada na Isla Negra, onde ao despertar ou a caminho de acostar a cabeça no travesseiro para ir aos braços de Morpheu, escutava o som do mar.
E a praia sempre é uma excelente opção de refúgio, seja quando está um calor tórrido ou quando a chuva marca presença. Ambos acalmam a mente e nos trazem lembranças. Lembrei que a deputada federal Maria do Rosário esteve em Santo Ângelo, precisamente na Câmara Municipal desta cidade. Era num sábado de manhã. Na mesa, estavam a própria deputada, Eliezer Pacheco e nomes que representavam o município das Missões, onde há uma marca histórica do início da marcha da Quinta Coluna Prestes, do Cavaleiro da Esperança chamado Luiz Carlos Prestes.
Neste ambiente, após o discurso da Rosário, quis contribuir. A fala de um companheiro do partido, a fala de um ex-dirigente da Izquierda Unida em Galapagar em Espanha e de um ex-dirigente da formação política da Rede dentro do PT. Foi um discurso contundente, recheado de personalidades da história brasileira, o qual finalizei movimentando a minha cabeça em um ângulo geométrico em direção a Maria do Rosário, argumentando que Jair Bolsonaro não era o meu presidente e sim um marginal. Aquele não era um dia qualquer. Celebramos os 50 anos do Dia dos Direitos Humanos, tema que todos sabem de que lado estava o Bolsonaro.
Tratá-lo como inimigo não é algo que eu queira, e sim, remetendo a adaptação da frase do escritor francês Victor Hugo: não é que eu deseje ter como inimigo e sim que as condições históricas nos conduzem a este papel. Quais as condições históricas que eu afirmo? Apologia a tortura, racismo, misoginia, homofobia, inimigo da democracia etc. Ou seja, são códigos anti civilizatórios que não são negociáveis. Se o golpe do dia 08 de janeiro de 2023 tivesse sido um êxito, nós de esquerda e das demais forças políticas que defendem a democracia, incluído o campo da direita liberal, seríamos perseguidos, torturados e mortos. Não é nenhum exagero, quando vimos o discurso coerente com a prática do líder da extrema direita Jair Bolsonaro.
Testemunhamos milhares de brasileiros e brasileiras mortos pela COVID. O número alto poderia ser evitado se o presidente Bolsonaro tivesse adotado práticas que o seu ministro da Saúde Luiz Henrique Mandetta recomendou naquela ocasião. Bolsonaro, não contente com a posição de Mandetta, que era evitar mortes, foi em busca de um perfil de Ministro que o presidente pudesse mandar e desmandar. Enfim, Jair Bolsonaro aspirava se intitular: Ministro da Saúde sou eu! Incrivelmente encontrou através do Eduardo Pazuello a figura que procurava. Responsável, principalmente, pelas mortes que ocorreram em Manaus com a falta de equipamentos de oxigênio.
Mais incrivelmente, o deputado federal Washington Quaquá, do PT, recentemente abraçou e fez elogios ao Pazuello. Da mesma força política interna de Maria do Rosário. Não encontrei nenhuma posição da nossa querida deputada sobre essa postura asquerosa do Quaquá. Não podemos assumir uma posição relativista, ainda mais em um contexto de força fascista e onde estamos discutindo e defendendo Anistia, não! Rosário, se ainda não manifestou, deve fazer. A frase tua de tempos atrás, Quero o meu PT volta, tem espaço para companheiro que abraça liderança que não tem capacidade de amar, ter compaixão pelo outro e que prega o ódio?
*Jornalista.
Imagem em Pixabay.
As opiniões emitidas nos artigos expressam o pensamento de seus autores e não necessariamente a posição editorial da Rede Estação Democracia.
Toque novamente para sair.